A Forma da Água é uma história que te leva aos dois extremos da personalidade do ser humano. O ruim, que faz a maldade por puro prazer, e a inocência e a pureza que talvez poucas pessoas tenha e entenda. Guillermo Del Toro e Daniel Kraus apresentam um livro que não foge muito do filme, mas que traz características próprias da história nas páginas de um livro.
Para quem ainda não ouviu falar nada sobre, A Forma da Água é uma história que mistura conto de fadas, narrativa poética, lendas, romance, muito drama e até mesmo um conteúdo erótico. Tudo acontece depois que um oficial do governo americano, Richard Strickland, é enviado para Amazônia para capturar um ser místico conhecido como deus Brânquia, ou um homem-peixe. Depois de retornar aos Estados Unidos para uma base de pesquisa, uma das faxineiras das instalações, Elisa Esposito, descobre o grande segredo que o governo americano vem guardando. Mas tudo poderia ser diferente se Elisa não fosse muda.
O livro tem todo um desenrolar bem semelhante ao do filme, porém o que é acrescentado deixa tudo muito legal e faz uma diferença enorme se pensarmos na época em que a história se passa, em 1960 o auge da Guerra Fria. Então encontramos de forma um pouco mais profunda toda essa rincha do Estados Unidos e Russia.
Um ponto muito positivo é o fato de narrarem como foi feita a captura do deus Brânquia. Toda a jornada de Strickland na Amazônia para capturar o ser místico. Porém, o ponto interessante aqui é o fato deles explorarem as lendas folclóricas da região, como por exemplo a lenda do boto cor de rosa. Quem nunca ouviu falar? E eles tiveram todo o cuidado de explicar e acrescentar essa lenda na história.
Tudo é muito bem narrado, com todos os detalhes, os autores conseguem sem diálogo e sem primeira pessoa transmitir o sentimento dos personagens, mas isso tem um ponto negativo. Algumas vezes essa forma de narrativa acaba sendo muito carregada e arrastada, principalmente se o narrador tem uma pegada poética e em alguns momentos acaba extrapolando nos detalhes e floreando demais a história.
O que talvez ajude na leitura é o fato do livro ser dividido em 3 partes, com capítulos bem curtos e que intercalam com os personagens. Cada hora o narrador fala de um personagem especifico e não deixa o leitor restrito na ideia de apenas um personagem, deixando assim a história mais confortável e variada, sempre andando pela cidade. Uma das partes mais complicadas talvez seja a da Elisa, pois pelo fato dela não falar o leitor deve prestar muita atenção aos detalhes que está sendo narrado, porque é isso que fará a diferença na hora de entender a personagem.
No geral A Formada da Água é um livro um pouco complicado de ler, não é qualquer momento que deve ser feita a leitura. Tudo acontece com muito sentimento, personalidades fortes, sem o mínimo respeito com a vida do próximo. Não é uma leitura fácil, porém quando chega no final tudo o “sofrimento” para ler irá valer a pena.