A Ilha do Guardião da Tempestade foi lançado em Janeiro deste ano pela editora Rocco. O romance fantástico foi a estreia de Catherine Doyle, irlandesa, no universo literário.
O livro conta a história de Fionn, um menino muito medroso que vai visitar seu avô pela primeira vez na companhia de sua irmã mais velha, Tara. Só o fato de pegarem a balsa de Dublin para Arranmore já é motivo para que o garoto sinta-se desencorajado.
Ao chegar na ilha, não demora muito para que Fionn descubra a importância local de seu avô, até então omitida por Tara e sua mãe. O velhinho nada mais é que o grande Guardião da Tempestade, responsável por guardar as memórias da ilha, além de mantê-la segura da feiticeira Morrigan, que trouxe muita dor e escuridão no passado. Toda a magia de Arranmore é secreta, só residentes podem saber de sua existência.
A aventura começa quando o jovem neto de Malachy descobre que consegue manusear a magia de forma que nem o próprio avô, guardião, consegue. O futuro da ilha depende do inesperado dom curioso de Fionn.
” — Por que acha que todo mundo em Arranmore respeita tanto o Malachy? — disse Bartley, cuspindo gotas de água da chuva. — Acha mesmo que é porque ele passa o tempo todo fazendo velas arcaicas com um monte de temporais inúteis e pores do Sol idiotas? — Fionn sequer teve tempo de responder. — Malachy ajuda os habitantes da ilha com as colheitas. Ele mantém os animais saudáveis. Ele acalma a maré para os pescadores. — Bartley deu um sorriso malicioso. — Mas essa tempestade ele não vai poder impedir”
Esse é o primeiro livro de uma série que deixa um gancho para fãs apreensivos. Toda narrativa é feita de forma a provocar o leitor de construir o grande final mentalmente e ficar aguardando por ele, mas isso não acontece. Tomado pela ansiedade, é difícil não implorar pelo segundo volume.
A autora representa a magia através de velas confeccionadas pelo guardião da magia. Elas permitem que ele guarde histórias e as visite ao queimá-las. Cada viagem no tempo é uma surpresa diferente, uma nova peça para o quebra-cabeça gigante que é a ilha.
” — Você é a história dele, Fionn. Você e Tara. E sua mãe. E eu. Enquanto houver alguém que se lembre de você, você continuará vivo, assim como sua história. Essa é uma das maravilhas de Arranmore. A ilha nunca esquece”
Nem só de surpresas e segredos vivem os personagens dessa história, que só está começando. O maior sonho de Fionn é encontrar seu pai, mesmo que isso seja impossível pois, quando sequer havia nascido, Cormac morreu em um acidente inexplicável durante uma tempestade. Sua mãe não fala sobre e, desde então, nunca mais pisou na ilha também.
Além de perdas, a obra trata também de assuntos como amizade, medo, amor de família, auto-conhecimento, confiança e muito mais!
O livro transmite, de maneira clara, toda emoção que Catherine quis passar. O modo como Fionn se aproxima do avô e o laço que ambos criam, não é de todo mera ficção. Essa história é especial por ser uma homenagem ao avô da autora, que realmente mora Arranmore e sofre de Alzheimer. A moça juntou todo seu amor por lendas locais mais as memórias de seus entes queridos e transformou em um livro encantador, emocionante e interessante da primeira à ultima página.
A Ilha do Guardião da Tempestade é um livro instigante, ótimo para presentear quem está no início da jornada literária (a partir de 10 anos), mas não se anula à quem já tem o hábito de leitura. Catherine traz sentimento à obra, o que agrega ainda mais valor.