A mitologia indígena é rica e vasta em histórias e deuses que poucos brasileiros conhecem. Inspirados nisso, a editora 137 Studio resolveu desenvolver um quadrinho para mostrar que nossos heróis são tão bons quanto qualquer um outro (ou até melhor).
O Cabana do Leitor decidiu dar uma provinha desse mundo para vocês em uma resenha sem spoilers. Estão preparados para os deuses Tupi?
O enredo conta a história da criação do mundo, como Tupã criou a Terra, os animais e os homens. Porém, o homem, por não conseguir encontrar a felicidade por si só criou a guerra. Enfurecido, Tupã levou a terra seus dois filhos (Jurupari e Yahu), para que pudessem ajudar a guiar as tribos.
Mesmo com o semblante de liderança, os irmãos eram muito diferentes um do outro, o que fez com que ressentimentos e angústias fossem sendo alimentados ao passar dos anos, até o dia enfático que Yahu se apaixonou e casou com uma mortal, e isso, no pensamento de Jurupari, seria “sujar” a linhagem dos deuses, tornando os irmãos agora rivais.

A história muda de protagonista assim que o filho de Yawira (a mortal) e Yahi nasce, o chamado Anhangá. Diferente de todos da aldeia, Anhangá nasceu com a pele tão branca que beirava ao azulado, e todos assumiram que a criança tinha nascido amaldiçoada, então o menino nasceu sofrendo represálias e sem amigos.

Anhangá acaba sendo expulso da tribo e se torna um grande guerreiro, além de ter um vasto conhecimento sobre os segredos e mistérios da floresta e seus animais. Porém, algo maligno se aproxima quando os espíritos do mal, buscando por vingança, aparecem na Terra. Será que Anhangá defenderá aqueles que o maltrataram? Será que o preconceito pelo diferente prevalecerá? Isso você descobrirá lendo a obra.

A equipe criativa conta com roteiro de Ademar Vieira/Yonami, ilustração do Thiago Vale, cores do Marcos Martins e Fábio Bandres, arte final do Emanuel Braga e letras de Yonami. O excelente trabalho do grupo torna a experiência bem imersiva. A riqueza de detalhes tanto nas cores, quanto no enredo do folclore amazônico deixam o gostinho de quero mais pairando sob o leitor.
Amazônida é uma boa pedida para amantes de quadrinhos e deuses mitológicos. A riqueza da mitologia indígena e a excelente condução da história fazem com que esta HQ seja indispensável na lista de leitura. Quadrinhos como este abrem um leque de representatividade para enredos que o próprio povo brasileiro já possui, tornando histórias corriqueiras de quadrinhos americanos um mais do mesmo.