Quem não gosta daquela boa e velha história de mortos-vivos? Lhes apresento Ano Zero.
Tivemos a trilogia dos Mortos de George Romero, Madrugada dos Mortos com Snyder (e todas as vertentes cinematográficas). Nos quadrinhos a obra mais famosa foi o The Walking Dead, que ganhou adaptação não só para a série, como também em livros. E você espera que Ano Zero seja um mais do mesmo, mas devo dizer que não é bem por ai.
Para começar, o quadrinho conta com nomes de peso: Benjamin Percy (Arqueiro Verde, Titãs) como roteirista, Ramon Rosanas (Star Wars) como ilustrador e Mike Deodato (Hulk, Flash) como artista de capa. A junção dessa equipe trouxe uma obra que, mesmo com um tema frequente, traz uma imersão interessante.
Ano Zero conta a vida de cinco sobreviventes de uma pandemia global. Vidas essas que, de uma hora para outra, viram as ruas começarem a ser dominadas por mortos-vivos, junto com a morte de muitos rostos conhecidos por eles.
Mesmo com a premissa batida, Ano Zero traz um detalhe que todo fã de pós-apocalipse quer saber: Como está sendo esse acontecimento no mundo todo. Dos cinco sobreviventes temos um assassino no Japão, uma consultora militar no Afeganistão, uma cientista no Polo Norte, um solitário menino no México e um jovem obcecado pela sobrevivência pós-apocalíptica no Meio-Oeste dos EUA. Essa escolha do roteirista trouxe um ar refrescante para a obra, já que temos personagens com histórias, personalidades e ações completamente diferentes em cada canto da Terra.
Esse pequeno detalhe nos proporciona diferentes experiências (e até favoritismos) dentro da trama que é sobre zumbis, mas também sobre pessoas.
Há representatividade das mulheres afegãs, principalmente mostrando o seu lado batalhador e de sobrevivência, que infelizmente estava sendo habitual, colocado como uma maior força de querer viver. Outro exemplo é do menino que já se acostumou em viver na miséria, com a sociedade não o enxergando como pessoa… sendo colocado como um sobrevivente preenchido pelo sentimento de vingança, daqueles que destruiram não só a sua vida, como as de muitos. E por essa pequena amostra desses dois personagens já é possível ver o cuidado que o autor teve de não só colocar personagens rasos, mas de criar essa construção. Outro acerto da obra.
Já as artes e cores cairam como uma luva na proposta da obra, e mais uma vez o Mike Deodato conseguiu transmitir muito bem a mudança de ambientes. Uma adição bem interessante a obra.
Ano Zero é um quadrinho sobre mortos-vivos em nível global. Aqui você saberá o que acontece em diversas partes do mundo, enquanto aproveita a viagem de um mundo pós apocalíptico. A editora Skript está de parabéns por trazer este título ao Brasil.