Quando li a sinopse de As garotas de Corona Del Mar, da autora americana Rufi Thorpe, já me senti atraída pelo tema do livro e como ele seria tratado, não apenas mostrando aquela amizade linda e duradoura do colegial para a vida toda, pois sabemos que nem sempre é assim, mas também pontuando os altos e baixos.
A história se passa em diversos lugares do mundo, que vão desde uma pequena cidade da Califórnia até Istambul, e em todo esse passeio narra a amizade de Mia e Lorrie Ann. Quando mais novas, as duas eram inseparáveis, para Mia tudo na vida de Lorrie Ann parecia perfeito, pai e mãe se amando, irmão que ajuda nas tarefas e sempre estavam felizes aproveitando o pouco que tinham. Enquanto uma vivia um conto de fadas a outra vivia em uma vida que lidava com a mãe alcoólatra, o divórcio nada amigável dos pais e a responsabilidade de cuidar dos dois irmãos mais novos,. Além disso tudo, Mia ainda teve que lidar com a gravidez indesejada na adolescência que lhe deixou marcas e arrependimentos durante toda a vida.
Tudo parecia ir muito bem até a morte do pai de Lorrie Ann e é quando parece que a maré de azar invade a vida da jovem. Com o passar do tempo e situações que vão surgindo na vida das meninas, as desavenças de ideias e comportamentos se tornam mais evidentes. Mia resolve ir para a faculdade enquanto a outra assume o posto de dona de casa. Agora depois de anos sem contato uma com a outra, Mia encontra Lorrie Ann perdida pelas ruas de Istambul muito diferente de quando eram pequenas e de como ela ainda a guardava na memória.
“Amor Fati”
O livro na verdade se concentra na história de vida de Lorrie Ann, porém quem narra todos os acontecimentos é Mia, o que é legal já que a autora conseguiu introduzir Mia em todos os fatos mesmo quando não estava presente, como se estivessem ligadas, graças ao amor que uma sentia pela outra. Confesso que no começo fiquei um pouco perdida na narrativa, pois começa no presente, mas narrando o passado na visão de uma contando a história de outra, bem louco. Por sorte a história se desenrola rápido e conseguimos pegar o ritmo da leitura e nos transportar para os lugares e situações.
Outro ponto muito legal do livro são os nomes dos capítulos: “O preço da dor”, “A intervenção”, “Morto, mortinho da Silva” e outros engraçadinhos que chamam a atenção e nos prende para mais um pouco de leitura.
No gera,l o livro é muito interessante e apresenta temas que poderiam ser mais explorados nos livros, como: drogas, vícios, aborto e estrupo. Além disso, a história passa uma mensagem que nem sempre o que está lindo por fora está certo por dentro e que não é porque a grama do vizinho é mais verde que a sua que ela é a melhor. Cumpriu com o seu objetivo, não foi o final que eu imaginava, mas acho que foi mais sensato para história.
As Garotas de Corona Del Mar foi publicado, aqui no Brasil, pela editora Novo Conceito no mês de maio e possui uma edição simples, mas encantadora na tradução e nos detalhes de diagramação.