Título: Cante para eu dormir
Autora: Angela Morrison
Editora: Pandorga
Páginas: 350
“Muitas vezes, é preciso mentir para proteger quem amamos. Proteger de nós mesmos, do que escondemos, do que somos. Um ato covarde? Talvez. Todavia, um ato necessário.”
“Cante para eu dormir” conta a história de Beth, uma menina feia (aí poderíamos fazer o trocadilho daquela novela, “Betty, a feia”). “Alta demais para ter uma postura ereta. Pele e osso. Rosto cheio de espinhas. Olhos saltados e aumentados pelas lentes ‘fundo de garrafa’.” (página 10)
Beth canta no coral jovem da escola, o Cantoras da Juventude, e tem uma voz incrível. Um dia, as meninas do coral foram selecionadas para uma competição internacional na Suíça, e Beth seria a solista da apresentação mais importante, que poderia render um ótimo prêmio. Todavia, como ela poderia se apresentar sendo tão… feia? É aí que entra Meadow, “colega” de Beth. A menina transforma Beth, ela agora está linda e irreconhecível.
Na Suíça, Beth conhece Derek, o solista do melhor coro musical: Amabile. Receosa no início, tímida demais para se atrever a pensar em um relacionamento, ela decide pagar pra ver.
O problema é que Beth tem um melhor amigo, Scott, que a ama desde que eles eram crianças. A garota pensava estar nutrindo esse amor também, mas, com um complexo de inferioridade imenso, pensa que ele merece algo melhor, mais belo, visto que o menino é lindo.
Derek se apaixona. Beth, também. O problema é que eles moram em lugares diferentes. Isso não seria um desafio tão grande se comparado a outros que fazem a menina questionar a veracidade do amor de Derek.
Mentiras. Dúvidas. Medo. Descobertas. Choque. Música. Muita música. Esse é o universo que a autora, Angela Morrison, cria para o livro mais impressionante que já li na minha vida. No início, não estava gostando da leitura e nem da Beth, seu complexo me incomodava e o fato de ela sempre estar “escrevendo músicas” durante o livro, fizeram da leitura algo monótono e chato até certo ponto.
Tudo é contado do ponto de vista de Beth, fazendo com que o livro pareça um diário. De fato, ele é. A menina expressa sua raiva pelo pai que a abandonou quando nasceu, sua alegria ao lado de Derek, seus medos, angústias, descobertas.
Não pense que é só mais um “livrinho de amor clichê”, porque não é. “Cante para eu dormir” vai te surpreender e te prender até a última página. Vai te fazer rir, duvidar de Derek, de Beth. Te fará chorar. E o principal: te fará pensar no valor da vida. Você perceberá o crescimento e as lições que Beth teve durante sua vida, e vai entender o por quê do título. Vale a pena ler.