Colaboração Horizontal é uma parceria entre Navie e Carole Maurel, trazida para o Brasil pela editora NEMO. É apresentada uma história com grande representatividade e força feminina, mas com foco em um romance escondido.
O quadrinho começa no futuro, onde a personagem principal, Rose, conversa com sua neta sobre relacionamento, onde chegam no assunto do primeiro amor. A avó conta que seu casamento com o avô não era como imaginava, então entra um flashback para 1940, durante a ocupação alemã na França.
Rose morava, nessa época, em um prédio com vários outros personagens que são apresentados no decorrer da história. A maioria são moradoras que aguardam a volta de seus companheiros no pós guerra, assim como Rose e seu filho. Diante de todo esse cenário caótico, a moça entra em uma Colaboração Horizontal, nome dado aos relacionamentos amorosos e sexuais entre mulheres francesas e membros da Ocupação Alemã durante a Segunda Guerra Mundial. A enfermeira Rose se apaixona pelo oficial responsável por investigar sua vizinha judia, Mark, e protagonizam um amor proibido.
A primeira parte de Colaboração Horizontal é apresentar a comunidade e as figuras que ali vivem. Como já havia dito, ao longo da trama principal, existem outras pessoas que também dão vida à história. Dentre elas, uma judia que se esconde junto ao seu filho; a idosa tida como louca e misteriosa, mas que futuramente entendemos que nem tanto; uma jovem destemida que se questiona sobre direitos das mulheres e está se descobrindo em muitos aspectos, inclusive sua sexualidade; e uma prostituta que vive esse segredo, mas que diz trabalhar como atriz. Todas fortes, que convivem dia após dia brigando por seus ideias, mesmo que de formas distintas e, por vezes, escondidas.
A graphic novel apresenta o cotidiano de cada uma das mulheres, mesmo tendo mais foco na vida dupla que Rose leva, pois uma tem influência na vida da outra, já que ambas se acolhem e se ajudam. As cenas que mostram o poderio militar são bem curtas, sem perder tempo, o que torna-se um ponto positivo, já que sabemos como as coisas aconteciam a partir de outras mídias. Aqui, a trama não se perde, e por isso torna-se mais interessante.
A arte aquarelada é o toque especial do quadrinho, deixando-o mais fluido. Algumas outras técnicas também foram empregadas para enfatizar outras situações, como a imaginação do pequeno Anäel , uma criança judia que se vê em cárcere em um dos quartos do edifício para não correr risco de ser apanhado.
O livro é envolvente e de leitura rápida. Um romance lindo e trágico para os apaixonados nesse Valentine’s Day. Indicado para quem tem apego à dramas e histórias fortes, muito bem servido também àqueles que gostam de histórias de época.