Em A Corte de Espinhos e Rosas, Sarah J. Maas nos apresenta uma nova versão de A Bela e a Fera, originalmente um conto de fadas francês, mas com um toque mais pesado e brutal em algumas passagens.
O livro conta a história de Feyre, uma garota cuja família perdeu tudo, obrigando-a a caçar em troca de carne e alguns trocados para sobreviver à dura vida do lado humano da Muralha. Numa dessas caçadas, Feyre se depara com um lobo gigante, que daria o suficiente para ela, suas duas irmãs e seu pai viverem bem por um bom tempo. Com apenas uma flechada, ela o mata e aproveita tudo o que o corpo do animal pode oferecer-lhes.
Em uma noite, a casa da moça é invadida por um feérico, uma criatura mágica que vive do outro lado da Muralha, que é odiada e temida pelos seres humanos. Tamlin exige que ela seja levada para a sua Corte, onde deve pagar o assassinato que cometeu com a sua própria vida. Agora, ela está fadada a passar o resto dos seus dias dentro da Corte daquele feérico hostil.
Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada.
A trama começa nos instigando pelas habilidades de sua protagonista, que logo se mostra extremamente preparada para lidar com a vida em que se encontra. Até o momento da captura, a autora já consegue nos fazer sentir empatia por ela, além de estabelecer bem a mitologia da série. Feyre se mostra inteligente e ardilosa desde o começo.
Porque sua alegria humana me fascina, o modo como vivencia as coisas em sua curta existência, tão selvagem e intensamente e tudo de uma vez, é… hipnotizante. Sou atraído por isso, mesmo quando sei que não deveria, mesmo quando tento não ser
Logo depois da captura, a história desacelera, ficando um pouco arrastada, mas ainda consegue segurar a atenção do leitor para os mistérios envolvidos principalmente com as máscaras que os feéricos da Corte Primaveril são obrigados a usar, isso por conta de uma mulher que eles apenas se referem como “Ela”. Percebe-se as mudanças de comportamento de Feyre e de Tamlin conforme o conto avança, mesmo a passos curtos e lentos. Os sentimentos dos dois já não são mais os mesmos, e Maas consegue conduzir essa transição de forma suave e gradual.
A curiosidade é o que nos mantém presos às páginas, que começam a se tornar mais rápidas e dinâmicas. Engana-se quem pensa que o livro é uma cópia do conto original. Ao longo da leitura, é possível identificar que ele é mais uma inspiração para a autora, principalmente o seu final.
Em suas pouco mais de 400 páginas, o livro nos prende pelas intermináveis perguntas sem respostas e pela força da personagem principal. O universo das criaturas é muito bem explicado, o que ajuda a amarrar as pontas soltas.