A segunda semana de Sessão de terapia mantem seu nível de qualidade bastante elevada. Todos os episódios tiveram momentos interessantes, dando continuidade a trajetória de cada personagem de maneira bastante instigante. Confira agora a resenha dos episódios dessa semana:
6º episódio – 2ª sessão de Bianca Cadore Confira a resenha aqui!
7º Episódio – 2ª sessão de Diego Durte A segunda sessão de Diego ocorre após o grupo de supervisão, onde Theo leva suas preocupações acerca da possibilidade de atender Diego e com isso misturar sentimentos seus por conta de sua situação com o filho, viciado em drogas. Aqui temos um Theo que finalmente põe um limite que Diego Pede. A cena do psicanalista pedindo que Diego se retire por não cumprir o acordo de não beber no consultório já deveria ter ocorrido antes. Em casos que envolvem drogadiccão essa combinação é fundamental. Mas o furo e as questões desse paciente estão muito além disso, é seu conflito com o Pai. Ele sente falta do Pai, e isso vai ficando claro em seu discurso quando traz um episódio de agressão na escola quando um colega usa o significante “não tem pai e mãe”. Isso traz uma sensação de extremo ódio por parte do jovem, que soca o garoto, ódio esse revivido no consultório de Theo. A edição do episódio é boa, quando a trilha fica mais intensa e a câmera foca diversas vezes nas mãos tensas de Diego, auxiliando a potencializar a raiva transmitida no tom de voz e na postura corporal do ator Ravel Andrade. O roteiro também é sábio ao trazer o jovem na sala de espera de Theo olhando seus retratos, os retratos dos filhos do psicanalista. Isso, o final do episódio e o fato do consultório de Theo ser na casa dele criam o clima perfeito que é o conflito principal da série: Theo, se colocando na posição de humano e não de analista, de forma não ética na clínica, se propondo a atender seus pacientes.
8º Episódio – 2ª Sessão de Felipe Alcântara Figueiredo Dando continuidade ao conflito de Theo nessa temporada, com relação ao filho e o abuso/dependência de drogas, o episódio inicia-se com a reaproximação de pai e filho. Rafael Ceccato (Johnnas Oliva) está presente no início do episódio, e o pai tenta aproximar aquela relação numa tentativa de ajuda-lo. Para não se separar do filho, pede que ele vá ao apartamento da vizinha, que passa pelo consultório dele, quando seu paciente está chegando. O final do episódio, com a vizinha chamando Theo por conta do filho, termina o episódio na tensão. A sessão de Felipe traz novas luzes sobre seu caso, e é o episódio onde é melhor ilustrada a atuação real de um analista, mais próxima de uma postura e intervenções adequadas num caso como esse. O jovem já tem casamento marcado, e mostra que mais do que vítima numa situação difícil, ele realiza a manutenção dessa situação com maestria. Felipe traz detalhes da relação com a mãe, que demonstrou ser extremamente manipuladora e dominadora na sessão passada. Há uma relação edípica absolutamente mal resolvida. Essa mãe, que segundo o filho era pobre antes do casamento, agora tem no filho, uma “produção” dela, seu falo autêntico em um mundo da alta sociedade. Segundo Felipe, a mãe não hesita em apresenta-lo como companheiro, um homem jovem e bonito, em algumas rodas da alta sociedade, e em nenhum momento o jovem parece de fato incomodado com isso. Essa relação de poder e completude entre mãe e filho e esse lugar de objeto fálico que completa a mãe parece ser o problema de Felipe, e uma posição que ele não quer abandonar – vide como ele termina a sessão dizendo que precisa aprender a viver sem Guto.
9º Episódio – 2ª sessão de Milena Dantas Um bom episódio, mas talvez o mais irregular no arco dramático dos personagens da temporada. Se Milena surgiu em sua sessão anterior como uma mulher que não se permitiu viver o luto da morte do marido, e vivia na sombra de acreditar que era culpada pelo mesmo fato, incluindo ai um sentimento paranoico que o filho a culpava por isso, agora ela surge com um sintoma pesado e grave de transtorno obsessivo, envolvendo rituais diversos e diferentes. É um tanto quanto incoeso, dada a gravidade dos sintomas, com um intervalo de apenas uma semana. Ainda que uma licença poética para aumentar a dramaticidade, seria mais adequado que a personagem tivesse os sintomas sendo agravados com o tempo, não tão rápido. A Jovem chega ansiosa, reclamando que a sessão não começou pontualmente. Segue durante o início do episódio numa postura absolutamente obsessiva. Com o caixa de lenço, com a porta. A atriz Paula Possani é muito competente em cena, com olhares e posturas angustiadamente compulsivas por controle. Theo aponta a necessidade de averiguar o possível transtorno obsessivo após o término da sessão, quando Milena enfim assume porque entrou de licença médica. O episódio revisita a relação dela com Breno, e me lembrou uma das primeiras sessões do policial quando ele comenta da mania de perfeição da mulher. Seria, como dito anteriormente, mais interessante, em termos de credibilidade teórica, que os sintomas de controle e perfeição fossem agravados com o tempo; mas podemos entender que Milena pode ser uma neurótica grave, e que quando começou a trabalhar sua angústia original, começou, como defesa, a desenvolver sintomas ligados à sua estrutura obsessiva. O episódio termina com o irmão de Theo o confrontando sobre Rafael, e descobrindo que o sobrinho foi internado.
10º Episódio – 2ª Sessão de Supervisão em grupo: Evandro Mendes, Guilherme Damasceno e Rita Costa. Ao lado da sessão de Felipe, é o melhor episódio da semana. A sessão de supervisão começa com uma conversa entre Rita e Guilherme – a tensão entre os dois personagens já era sutilmente indicada no episódio da semana passada, e aqui as coisas ficam ainda mais reforçadas. Essa cena é brilhante no que traz os personagens em um take único, em pé, sentando em seguida e com o tom de voz de Rita, quase inaudível. Fundamental para entendermos o subtexto da fala de Rita quando ela resolver falar do casal que ela atende, e em diversos momentos nos perguntamos se ela está falando de um casal real ou dela e de Guilherme. Aliás, o seu tom de voz casa perfeitamente com o significante “omissa” que se repete diversas vezes em sua fala, algo apontado com maestria pelo supervisor Evandro. É discutido na supervisão ainda o caso do paciente de Theo, Diego, e o conflito dele com o filho e a questão das drogas é abertamente explorada. As orientações de Evandro para com Rita e a dinâmica de trocas e questionamentos entre os quatro profissionais é sensacional. Só acho ruim dois pontos – Guilherme parece não ter função na supervisão, a não ser potencializar o conflito de Rita; ele não possui dificuldade clínica e não levanta nenhum caso seu. E o jogo de câmera nesse episódio foi bem desconfortável – a movimentação de câmera rotatória entre os quatro personagens foi incômoda, capaz de causar náusea no espectador. Camila Pitanga parece à vontade na pele da terapeuta jovem e competente. Bem como Fernando Eiras encarna Evandro com uma segurança e uma competência ímpar – ele é um dos melhores atores da atualidade. Celso Frateschi é mais contido, mas seus olhares dizem tudo.
Aguardemos a próxima semana. Sessão de terapia passa no canal GNT, de segunda a sexta às 22h30. No final de semana há a maratona de todos os episódios, com reprise Sábados às 21h30 e Domingo a partir das 18h30.