Acompanhe aqui a resenha dos episódios dessa semana – Na qual todos os episódios foram primorosos em termos de Roteiro, Direção e atuações. Importantes desenvolvimentos para cada arco dramático dos personagens.
Episódio 11: Terceira Sessão de Bianca Cadore.
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Episódio 12: Terceira Sessão de Diego Duarte
A terceira sessão de Diego começa com a presença de sua ‘babá’. Ela vem, como representante do pai, para conversar com Theo. O psicanalista veementemente nega dar quaisquer informações sobre a terapia do jovem, afirmando que precisa conversar com o Pai de seu paciente.
Quando ela vai embora, Diego chega no mesmo momento. Fica irritado com a presença dela de início, mas logo que sua sessão de fato se inicia, ele embarca dentro de suas emoções. Demonstra que após o último encontro com Theo, tentou entrar em contato com o Pai, sem sucesso. O jovem mostra a fragilidade que possui, e a tristeza de viver nessa condição, na qual a bebida se torna um escape por acreditar que o pai quer excluí-lo de sua vida, assim como excluiu as memórias da esposa falecida.
O episódio foi extremamente tocante e emocionante pois Diego, dentro de sua fragilidade adolescente, abre seus sentimentos de sentir-se órfão, de rejeição paterna, de forma dolorosamente bela – por meio dos desenhos de história em quadrinhos na qual uma mãe ainda busca seu filho perdido, brilhantemente análoga às emoções que o adolescente tem com relação a Mãe, e de falas difíceis, como q que fecha o episódio: “O que será que eu fiz para ele me odiar tanto assim?”. Justamente aquela que é uma das relações humanas das mais importantes e também mais difíceis – a relação com os pais.
A trilha das sessões do Diego é singela e bonita, pontuando todos os momentos que ele mostra-se mais vulnerável e aproxima seu discurso da questão central – sua não-relação com o pai. Ele vai pouco a pouco se aproximando das questões centrais de sua relação paterna, a cada episódio, sendo este arco dramático não só bem construído, como importante diretamente para o arco de Theo com seu filho – além de ecoar sua relação com o pai, já falecido. Isso é uma evolução orgânica e instigante do paciente, que é o personagem jovem da vez da terapia (todas as temporadas tiveram um).
Destaque para o desfecho do episódio, sem enfocar os personagens, com um plano fechado apenas na poltrona e no sofá da sala de Theo, uma poética alusão à posição de Theo nessa terapia.
Episósio 13: Terceira Sessão de Milena Dantas
É curioso que Milena seja uma personagem com Transtorno Obsessivo-compulsivo e tenha havido um problema na exibição do episódio de quarta-feira; normalmente é o dia das sessões de Felipe. Mas nessa quarta-feira, dia 20 de Agosto, a sessão exibida foi a de Milena. Curioso ainda mais que o início do episódio tenha sido um exercício de Theo em retirar Milena dessa posição de controle, atrasando propositalmente sua sessão – e, nas redes sociais, a GNT tenha brincado com a falha, dizendo que Milena veio mais cedo para sessão. Ato falho bastante interessante…
A Dinâmica da personagem em sala é habilmente construída e demonstrada pela câmera ansiosa, tal como o olhar da atriz, focalizando os objetos, simbolizando em imagens a obsessão de Milena por controle. Esse episódio traz as pequenas indicações, na primeira sessão, de sua obsessão. Fica claro que o caso fica mais grave após a licença da faculdade, o que soa mais orgânico (conferindo novo entendimento à fala de Milena “meu jeito é assim e eu não vou mudar” um novo status), tirando um pouco o desnível proposto pela dramaticidade do episódio interior (o nível de agravamento do TOC foi uma progressão incrivelmente rápida de uma sessão para outra; foi interessante do ponto de vista dramático, mas um tanto exagerado).
Atriz Paula Possani é boa em demonstrar a mania de controle e em contrapartida o descontrole de Milena, principalmente quando ela relata a humilhação na situação a banca do mestrado. Mas em alguns momentos quase beira o over. Mas a direção segura de Selton Mello conduz a atriz sabiamente.
Apesar do atraso proposital de Theo, Milena se deixa levar por sua Obsessão na sala de espera, fato constatado por Theo ao abrir a porta. Tal fato tem dupla função – demonstrar graficamente (em imagens) os sintomas dela, e servir de confirmação da prevalência dos sintomas para um diagnóstico de TOC. Fica claro que Milena sempre deve ter tido uma personalidade assim, mas tal fato foi agravado após o suicídio do Marido, culminando no episódio que a deixou de licença. É excelente perceber que Milena passou a desenvolver um plot próprio, para além de ser a viúva de Breno.
Episódio 14: Terceira Sessão de Felipe Alcântara Figueiredo
Não é nenhum segredo que Felipe é meu paciente preferido da terceira temporada, por questões pessoais, mas também por perceber que é o caso que melhor ilustra como seria uma atuação de um analista nesse contexto. É o caso no qual Theo melhor ocupa a posição de Analista e tem a melhor condução, em termos de pontuação e intervenção clínica.
Felipe traz sonhos, três. No primeiro ele casa com Guto, mas de repente se vê casando com sua mãe no altar; no segundo, esta transando com Guto quando de repente seu companheiro e sua mãe é que estão transando na cama, como ele observando. No terceiro, ele e Guto moram numa casa de vidro e ao receber uma visita de Theo convidando-os para jantar, a casa se quebra e o próprio Guto se quebra em pedaços que ele não consegue juntar. Interessantes metáforas para sua vida e para a maneira como as sessões vem se desenvolvendo. A forma como Theo lança reflexões novas sobre as primeiras interpretações de Felipe sobre o significado dos sonhos é excelente – desvelando a função que Felipe exerce nessa relação com a mãe – a de objeto fálico nessa simbiose materna, posição que ele próprio não quer deixar cair. Ele não pode conceber a mãe sem o falo, não pode deixar de sair desse lugar. Ele demonstra isso em palavras claras – “eu preciso que ela me ame”. Ele não pode aceitar a castração da mãe. E Theo, no sonho simbolizando a terapia, é a tentativa de Felipe de mostrar que tentou e não pode conseguir assumir-se e manter Guto; é uma compensação. O objetivo não é assumir-se, parece, e sim um subterfúgio para manter aquilo que ele finge que é.
Os enquadres da câmera em Felipe e Theo são simples e eficientes, e é preciso dar destaque para o final do episódio, onde todo o cenário vai pouco a pouco perdendo o foco e até que Theo ligue a luz da luminária, iluminando o caso – ele senta e faz anotações. Destaque também para a simples e eficiente explicação que Theo dá para o famigerado Complexo de Édipo Freudiano. Um dos melhores episódios da série até aqui.
Episódio 15: Terceira Sessão de Supervisão – Evandro Mendes, Rita Costa e Guilherme Damasceno
O episódio finalmente põe as claras o caso entre Rita e Guilherme, algo que era sugerido na primeira sessão da supervisão e posto de forma ainda mais clara na segunda.
De início, Theo volta a ser o centro da supervisão com o caso de Diego e sua difícil situação pessoal com o Filho. Theo traz a tona sentimentos reprimidos com relação à situação do filho que espelham a situação de seu paciente Diego com seu Pai. ZéCarlos Machado é muito competente, nessa hora, em demonstrar que aquele insight ocorreu de maneira ingênua durante a discussão na supervisão, mesmo após os envolvidos estarem discutindo sua necessidade em voltar a fazer terapia.
É Interessante a forma como Evandro é filmado – contra luz enquanto Rita em seu discurso o retira-o da posição de elevação de saber que ela havia o colocado. Evandro surge no início do episódio com um rosto transtornado, mas tal fato ainda não foi trabalhado na supervisão. A não ser o fato de Rita expor seu desconforto com o fato da omissão de Evandro para com as provocações inadequadas de Guilherme, ainda não sabemos nada do arco dramático do supervisor.
É Excelente também a cena que o irmão de Theo conta que o sobrinho fugiu da clínica – no elevador, com a porta pantográfica separando-os, lados opostos e níveis opostos. Belo exercício de linguagem audiovisual.
Camila Pitanga foi o destaque dos arroubos emocionais, saindo de sua posição contida inicial (ainda que diversas vezes mostrasse as garras), para romper o verniz da indiferença – a partir da discussão da submissão de Bianca Cadore em sua relação e as opiniões divergentes entre os demais terapeuta, o roteiro valendo-se novamente de uma analogia de Rita com alguma paciente em alguma posição similar a dela – com relação a uma situação tão importante: sua relação não assumida com Guilherme e seu desejo de separar-se dele, física e simbolicamente, com a saída da clínica do companheiro. Fico muito feliz dessa atriz linda e competente estar no elenco da série.
Apesar de ainda incômoda a sensação de que Guilherme não tem muita função em cena a não ser proporcionar atrito, espero que nos próximos episódios o arco dramático idealizado para a supervisão em grupo traga maiores participações dos outros envolvidos.
Confira Sessão de Terapia no Canal GNT – de Segunda à sexta às 22h30; Maratona com os episódios da Semana: Sábados a partir de 21h30 e Domingos à partir das 18h30.