O tão aguardado segundo volume que dá sequência ao Filhos de Sangue e Osso, chegou recentemente ao Brasil através da editora Rocco. Filhos de Virtude e Vingança já está disponível para venda.
Tomi Adeyemi criou toda a série com base na cultura Iorubá, a qual foi apresentada para a autora aqui no Brasil, onde estudou sobre religiões afro. Nesse segundo livro, Zélie e Amari conseguem finalmente trazer a magia de volta para Orïsha, mas o ritual foi tão poderoso que os poderes reapareceram nos maji e também nos que tinham ancestrais mágicos. Com isso, a menina se esforça para unir todo esse povo e se preparar para a guerra que se aproxima.
Agora, com os nobres e militares formando uma aliança forte, Zélie precisa tomar muito cuidado e garantir o direito de Amari ao trono, além de proteger os majis dos monarcas.
” No momento em que a magia se aviva dentro de mim, não consigo falar. A luz púrpura de meu àse brilha ao redor das minhas mãos, o poder divino que alimenta nossos dons sagrados. Não sentia meu calor desde o ritual que trouxe de volta a magia de Orïsha. Desde que o espírito de Baba irrompeu pelas minhas veias.”
Esse livro segue no mesmo formato do primeiro, intercalando os personagens por capítulo, o que traz ainda mais fluidez à leitura da fantasia. Agora, com foco nas personagens femininas, a história ganha um outro rumo. Alguns nobres, renomeados de titãs, conseguiram a habilidade de usar magia e ainda não se sabe o motivo, mas sua origem está no poderoso ritual para trazer poder à Orïsha.
Filhos de Virtude e Vingança tem um ritmo um pouco mais lento que Filhos de Sangue e Osso, tirando o foco do resgate da magia para uma guerra que está para estourar contra a nova monarquia. Essa etapa é de muito amadurecimento e foco no relacionamento entre personagens. Por exemplo, a autora fez um trabalho incrível no drama vivenciado por Zélie que, apesar de ter uma imagem de peso, mostra muito sofrimento acerca de suas perdas. Tipo de sofrimento esse, que é tão próximo ao real, que cria ainda mais empatia com o leitor. Tomi sabe bem como prender seu público e ligá-lo sentimentalmente às suas personalidades fictícias.
“Oya, me dê forças. Sussurro a oração, segurando com força o couro duro das novas rédeas de Nailah. Tento me lembrar de como foi lhe tirar o fôlego ao apertar sua garganta, mas tudo o que sinto é que não o sinto. “
Esse livro é o tipo de história que traz um turbilhão de sentimentos. Ora faz o leitor debulhar-se em lágrimas, em dado momento a raiva não cabe no peito e por fim, há uma pitada de desespero também. Ação é o que não falta! Um final sufocante que dispara a ansiedade e deixa brechas para infinitas teorias.
O romance é uma boa pedida àqueles que buscam por uma história com personagens femininas negras de muita força, que traz temáticas a serem debatidas de forma muito didática, como preconceito racial, diferença entre classes e autoritarismo. Sente e vivencie um pouco da magia dos orixás.