Fun Home: Uma Tragicomédia em Família é dos quadrinhos famosos da Editora Todavia e nós, do Cabana do Leitor, não poderíamos deixar de lado uma obra tão grande e densa como esta.
Aviso: A matéria pode conter spoilers.
Fun Home é um quadrinho auto biográfico da autora Alison Bechdel, onde o ponto observatório maior é nas interações que ela e seu pai (Bruce Bechdel) tinham durante os longos anos da sua juventude a vida adulta. Bruce é professor de inglês do ensino médio e restaurador compulsivo, o que o tornou uma pessoa pragmática, fria e distante.
Não entenda mal, Bruce era presente na sua forma física. Ele estava ali na hora de brincar, mas preferia estar com sua atenção voltada aos problemas que a casa tinha e que poderiam apenas ser resolvidos por ele naquele exato momento. Isso tornava os poucos momentos de atenção que Alison tinha em algo extremamente valioso. Mesmo que talvez ele não se sentisse da mesma forma.
Durante o período do seu crescimento, Alison já mostrava alguns descontentamentos, principalmente pela forma que tinha que se vestir (vestidos) e pelo excesso de flores que seu pai queria colocar no papel de parede. Alison muito pouco podia se expressar visualmente.
Com o passar do enredo de todos é possível observar os contrastes entre os personagens: O pai que levava uma vida secreta, onde tinha casos com jovens homens e projetava suas escolhas em sua filha. A Alison, uma jovem inconformada com as escolhas que a família projetava nela e com receio de se descobrir e afirmar quem é. E a mãe, que levava a vida de forma passiva, sabendo do que acontecia com seu marido e vendo o desenvolvimentos dos filhos. Mesmo que cuidando deles com carinho, suas características não eram tão expressivas.
Em Fun Home, a gente se sente como se estivéssemos sentados olhando por uma janela. O desenrolar da história, as angústias, as faltas de afeto, a tentativa da comédia (que mais está em uma tentativa de apaziguar o que de fato acontece) e as consequências de tudo mostram que este quadrinho não é para mim, nem para você, é para a Alison. Aqui somos apenas um telespectador da janela de Alison.