Longe de casa é um compilado de pequenos contos financiado em 2019 pela editora Diário Macabro. A organização dessa coletânea foi feita por Priscila Limonta e Silva João.
A proposta da HQ é falar sobre diferentes tipos de medo ao sair de casa e, a partir disso, 15 histórias foram muito bem selecionadas; produzidas por 17 artistas. A variedade de traços e tipos de narrativa são um prato cheio para quem ama histórias em quadrinho e quer conhecer novos quadrinistas.
Cada autor trouxe um material sem igual, do terror sobrenatural ao conto um pouco mais leve. Muitos deram espaço para falar sobre críticas sociais, mesmo usando o mundo extraordinário como palco, o que tornou tudo ainda mais interessante e envolvente, já que tem uma pegada mais real.
Algumas histórias merecem destaque maior, o que não significa que o restante não seja de excelente qualidade. Elas apenas sobressaem na originalidade, como é o caso da primeira, Memórias, da Luíza Strauss, que tem um traço lindo que lembra personagens da Disney. Seu conto fala sobre duas amigas que marcam de passar um fim de semana juntas em um chalé no meio da floresta, mas coisas estranhas acontecem por lá e o plot do encerramento é surpreendente!
Efêmero Purgatório é outro conto brilhante, escrito por Bi Aguiart. Nele, uma jovem pega um carro de aplicativo tarde da noite para voltar para casa. Um motorista estranho faz perguntas peculiares que a deixam desconsertada e por isso a moça pede para sair do carro. O final também é fora do comum e, com certeza, esse é uma das melhores histórias do livro.
Um terceiro que merece reconhecimento, agora dentro das histórias mais leves, é o Manias, com roteiro de Silva João e arte de Filipi Leal. O conto fala sobre um estudante saído de sua terra natal para estudar em um outro estado, morando em uma república.O menino tem muitas manias, as quais fazem parte do seu cotidiano e o fizeram temer sobre como outros colegas o veriam. Mas isso não é nenhum problema para eles, e o garoto vai aprender da forma mais legal e bizarra que existe.
Outras histórias que valem muito a pena conferir são Luz, que fala sobre abuso sexual de menores, escrita por Priscila Limonta, Jardim Estígia, sobre abuso de autoridade, machismo e racismo de forma muito clara, do Pietro Antognioni e O Labirinto dos Medusas, por Doug Batista, que fala sobre poluição marítima.
Os organizadores e artistas envolvidos no projeto merecem que todos conheçam a obra. Indicado para quem ama terror em todas as suas faces. O material é de muita qualidade e as artes são lindas.