Edgar Allan Poe, nascido em Boston em 1809, tornou-se um dos maiores nomes da literatura gótica. Seu poema O corvo foi publicado pela primeira vez em 1845, no New York Evening Mirror. O poema ganhou traduções de grandes nomes da literatura, como Baudelaire, Fernando Pessoa e Machado de Assis. A versão de Leander Moura, antes publicada de forma independente, ganha força com sua segunda versão em 2019, deluxe, pela Diário Macabro.

Leander Moura é quadrinista, ilustrador e licenciado em artes visuais pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), já pintou a capa do livro O Rei de Amarelo de Robert. W. Chambers, illustrou o livro O Mundo Sombrio – histórias do mito de Cthulhu por Robert E. Howard, entre outros. A edição de O Corvo conta com uma série de ilustrações de outros poemas e contos do autor.
A preocupação do artista está em estetizar o horror que o poema causa ao leitor com sua história. O corvo conta sobre um homem perturbado com a visita do bicho no meio da noite, cuja ação é se comunicar com ele, afligindo-o psicologicamente a respeito de um trauma relacionado à morte de uma mulher, Lenore.
O homem vive em um local onde a morte é a primeira referência, ainda assim ele tem dificuldades para lembrar da tragédia que ocorrera à Lenore, um sentimento que fora ofuscado devido a um grau de afetividade com a personagem falecida. A chegada do Corvo assusta tanto o homem quanto seus fantasmas, lhe fazendo lembrar da atual dor de sua alma.

A arte da HQ consegue fazer jus à delicadeza do terror psicológico criando uma estética orquestral da obra. Sendo honesta em todos os detalhes visuais, não trazendo nada que não tenha significado, tudo é tão competente quanto a composição do tema. O preto e branco deu um polimento para medir o obscuro em contraste do destaque detalhado de expressões características dos movimentos e intenções dos personagem. O trabalho soa como uma parceria de Leander Moura com o eterno Edgar Allan Poe, em que o autor do poema transmite em suas palavras um conto que recebe ainda mais sentido com o ritmo de tempo estabelecido pelos quadros de Leander Moura.

“E o corvo aí fica; ei-lo trepado no branco mármore lavrado da antiga palas; ei-lo imutável, ferrenho.”
Após um fim reflexivo da obra, há um extra mostrando o processo criativo da primeira versão, que havia sido publicada de forma independente no início de 2019, além das artes dos demais trabalhos.