JP Delaney era, para mim, um autor desconhecido. Tive que fazer uma pesquisa sobre o autor e descobri que este era um pseudônimo. Ele já fez outros thrillers, mas este é o primeiro livro que escreveu com terror psicológico. Primeiramente, preciso dizer que a capa do livro é assustadora e conforme você lê a história, vai decifrando a capa e percebe que ela tem tudo a ver com a obra, que está sendo distribuído pela editora Intrínseca aqui no Brasil.
Eu sou uma apaixonada por livros que a gente precisa descobrir quem é o assassino, onde acabo criando um milhão de hipóteses e, conforme vou lendo, vou decidindo que vários personagens podem ser o assassino, mesmo que a história venha a deduzir, como é o caso de Quem Era Ela, que não foi um assassinato, mas sim um acidente.
Eu quero falar sobre cada uma das personagens separadamente, pois elas são parecidas fisicamente e, embora elas tenham as mesmas atitudes, são muito diferentes. Pelo menos, foi o que eu percebi enquanto lia o livro.
Logo de início somos apresentados a Emma no passado, uma jovem assustada e traumatizada, pois sua casa fora invadida e teve que encarar os bandidos sozinhos, o que a traumatizou, por isso ela não conseguia mais viver com seu namorado, Simon, naquela casa e foi em busca de uma nova casa para morar. Depois de muito procurar, ela encontra um lugar que finalmente a encantou. Acontece que, para morar naquela casa, ela precisava preencher um formulário, responder a inúmeras perguntas e o proprietário da casa precisa riaconcordar em alugar para ela. Estranho não? Vocês não viram nada.
Já no presente, somos apresentados a Jane, uma jovem que acabara de perder algo que desejava muito e havia largado sua vida de luxo para enfrentar uma causa: negligência de um hospital para com as grávidas. Jane é uma personagem inteligente e forte, e ao saber o que aconteceu com ela, você torce para que ela consiga justiça, afinal, seu bebê nasceu natimorto por negligência do hospital. Ela abriu mão de tudo o que tinha para brigar por uma causa que provavelmente seria perdida e, por isso, ela não tem condições de morar na mesma casa que morava antes e estava em busca de outra que seu pouco dinheiro poderia bancar. Da mesma forma, ela precisa preencher formulário, responder a inúmeras perguntas e o proprietário teria que concordar em alugar a casa para ela.
Quem morar na casa precisa seguir as regras do proprietário, pois como é uma construção minimalista, tudo precisa estar no lugar, principalmente pelo fato de que, quando você assina o contrato de moradia, acaba concordando em receber turistas na casa de vez em quando. Tudo na casa é sofisticado, controlado pela tecnologia e completamente diferente do que qualquer pessoa está acostumada.
“Ela era como você. E, ao tentar fugir, você fará as mesmas escolhas e seguirá pelo mesmo caminho”.
Elas fazem uma entrevista com o proprietário Edward Monkford, o arquiteto que construiu a casa e é mundialmente conhecido por seu estilo minimalista e diferente. Edward é charmoso e muito misterioso. As duas passam a viver a mesma história, a fazer praticamente as mesmas coisas com Edward, mas Jane era diferente e muito inteligente. Se Edward precisou saber tanto sobre ela para concordar que ela alugasse a casa, Jane também pesquisou sobre ele e acabou descobrindo muitas coisas, inclusive que ele havia perdido a mulher e o filho em um acidente naquela mesma casa, e descobre algo interessante: ela se parecia muito com a falecida esposa e com uma das antigas moradoras, Emma, que também morreu naquela casa, em um acidente, era parecida com ela.
“Tudo o que é seu hoje, um dia já foi dela”
Quem era ela afinal?
Então, Jane se viu em um mistério, precisando desvendar quem foi Emma e por que havia morrido. Muitas pessoas falando coisas diferentes a respeito da casa e do proprietário da mesma. Tudo indicava que a casa era, sem dúvida, a causa de todas as coisas ruins que aconteceram e se vê em um dilema: descobrir o que aconteceu ou esquecer a coincidência. Entretanto, a vida tomou a decisão por ela. Ela precisava descobrir o que realmente aconteceu com Emma, com a falecida esposa de Edward e qual era o mistério daquela casa.
JP Delaney me surpreendeu com esse terror psicológico, pois me prendeu de uma forma que não esperava, me fez imaginar inúmeras possibilidades e, conforme lia, não conseguia parar, precisava saber o que tinha acontecido a Emma, a Jane e a Edward. Mesmo sendo as duas que estão narrando a história, intercalando entre passado e presente, nos levando a pensar e perceber várias coisas diferentes, a gente se pega em um triangulo amoroso, mas que na verdade não existe. Porém não posso dizer que estou totalmente surpresa com o desfecho, pois eu percebia algo de errado e quem havia desconfiado de início, foi certeiro. Não foi difícil juntar dois mais dois, entretanto, mesmo desconfiando do que aconteceu, não deixei de ficar encantada, pois tinha a sensação de que poderia estar errada, já que a história me conduzia a isso, me deixando em duvida com meus próprios pensamentos em relação ao desfecho da história.
“Quem era Ela” é uma leitura rápida e que prende a atenção. Não importa se o pseudônimo do autor é desconhecido, este livro merece uma chance, ainda mais para quem gosta de suspense psicológico.