Guerras são conflitos que se originam entre discordâncias de crenças, nem sempre religiosas. A sequência de Rayd – A Lua do Caçador vem mostrar como elas foram fundamentais para a consolidação do poder teológico que domina o mundo hoje.
Rayd – A Lua do Caçador foi dividido em duas partes e este é o segundo volume. O livro foi escrito por Dan Kloster e publicado de forma independente através da plataforma Bok2. O autor está trabalhando em um terceiro volume porque seus leitores ficaram com uma pulga atrás da orelha.
O livro dá sequência a história dos monstros humanoides que assolam a região da Prússia do século XV. Agora vemos o desenlace das situações em que os protagonistas se colocaram no fim do primeiro livro. O romance e as guerras são o chão dessa narrativa enquanto a trama teológica se desenvolve nos entremeios dos capítulos.
A questão religiosa fica ainda mais evidente nesta segunda edição, revelando como a força da crença pode mobilizar pessoas a lutarem por seus ideais. É interessante observar que muitas pessoas sequer criticam as informações que recebem, seguindo cegamente cada comando ou explicação que veem.
“O bem e o mal devem coexistir nesse mundo (…) O mal existe para que as pessoas busquem o caminho oposto, o bem (…) Mas às vezes o mal assume uma forma física”
Essa crítica expressa bem que, apesar de termos nossas crenças ou não, devemos sempre desenvolver o olhar crítico. Só assim conseguiremos inferir as intenções de outrem por trás de suas ações e palavras; observar se o outro está nos seduzindo com belas palavras para nos levar a ações violentas. Ou simplesmente nos convencer a executar operações que favoreçam o manipulador.
Hoje é o quem mais vemos acontecer, principalmente por parte de religiosos.
A escrita de Dan Kloster mantém-se focada nas cenas de aventura e guerra, trazendo, em forma de pensamentos dos personagens, algumas reflexões para conduzir o pensamento do leitor.
O mais legal de sua escrita é o perfeccionismo que ele emprega às palavras, procurando minimizar ao máximo quaisquer erros ortográficos. Há ainda um preciosismo para com o estilo que o texto forma, mas isso não implica com a acessibilidade da leitura, que é fácil e fluida.
O livro segue o mesmo padrão narrativo do primeiro volume, tendendo a uma leitura mais devagar. O leitor deve procurar momentos em que esteja mais tranquilo para embarcar na história, pois assim vai aproveitar melhor a literatura de Dan Kloster.
Esse segundo volume desenvolve os conflitos armados e teóricos entre os adversários, mas também evidencia as consequências das guerras. Todo produto delas se resume em linhas que se solidificam no mundo contemporâneo.
E no meio disso, as pessoas são obrigadas a viver o desafio de amar sua família e companheiros ao mesmo tempo que os perdem.