Os X-Men nasceram com a missão de representar a luta das minorias. Representar os negros, os homossexuais, os imigrantes. Desde a sua criação eles tiveram que fugir, se esconder e aguentar a forte pressão social, mas não estavam preparados para o que estava por vir: Stryker e sua cruzada.
O que fazer quando um homem com fortes ideais, movido pela fé e com a força do povo, decide impor que existe os humanos que são destinados ao céu e os mutantes que denigrem a imagem de toda a criação divina, logo possuem seu lugar reservado simplesmente ao inferno?
A HQ faz um paralelo com o momento passado pelos EUA nos anos 80, quando uma onda de renovado conservadorismo tomou conta da sociedade americana devido ao grande número de imigrantes. Inúmeros pastores pregavam para uma sociedade tradicionalista que o modo de vida correto era aquele imposto pela Bíblia Sagrada, e que outras crenças ou ramificações, não seriam aceitas, ou seja, ou você aceita a palavra de deus ou você está fora dos padrões da sociedade idealizada pelo livro cristão. Com o passar do tempo, os compromissos sociais, políticos e religiosos foram crescendo para esses pastores, e o número de fiéis com confiança às cegas em suas ações aumentavam exponencialmente. O que mais eles poderiam querer? A força da palavra e do povo, que como já vimos com Gandhi, Luther King e até o próprio Jesus, são armas poderosas.
A história nos mostra uma das melhores formações dos mutantes (Ciclope, Noturno, Ariel, Tempestade, Colossus) tendo que se aliar com seu arqui-inimigo, Magneto, para enfrentar uma ameaça em comum para a raça homo-superior: o reverendo Stryker e sua horda de lunáticos que estão dispostos a tudo para tornar realidade o ideal de sociedade perfeita de seu pastor.
Chris nos levanta a questão e coloca os X-Men representando os povos de culturas e crenças diferentes, como Noturno que é um cristão fervoroso, Kitty que é judia, Colossus que é russo, mas mesmo assim, esse aspecto é totalmente ignorado perante suas diferenças genéticas. Em muitas guerras já travadas, religiosos de todos os lados do conflito exaltavam a vitória em nome de deus, pregando que ele estava brandindo a espada junto de seu exército. Mas se ambos os lados acreditam no mesmo deus, qual está certo? A Graphic Novel nos faz pensarmos e questionarmos até que ponto a fé de cada indivíduo pode influenciar a sociedade plural em que ele vive, e que acima disso não importa que crença sigamos, de onde viemos e o que fazemos, nossa bússola moral deve nos unir pelo bem maior.
Revisado por: Bruna Vieira.