Grupos de extrema-direita na Polônia estão protestando contra a escolha da atriz Kasia Smutniak para interpretar Maria, mãe de Jesus, no filme A Ressurreição de Cristo, sequência de A Paixão de Cristo (2004). O motivo é o posicionamento público da atriz em defesa do direito ao aborto, o que despertou a ira de setores católicos radicais em seu país natal, que exigem sua remoção do papel.
A produção, atualmente em andamento em Roma, traz um elenco principal totalmente renovado. O ator finlandês Jaakko Ohtonen assume o papel de Jesus, antes vivido por Jim Caviezel, enquanto Maria Madalena, interpretada por Monica Bellucci no longa original, agora será vivida pela atriz cubana Mariela Garriga. Já Smutniak substitui Maia Morgenstern no papel de Maria.

Ativistas conservadores e o partido pró-vida Lei e Justiça (PiS) enviaram cartas à Icon Productions, de Mel Gibson, protestando contra a escalação da atriz. Eles citam o apoio de Smutniak ao movimento Strajk Kobiet (Greve das Mulheres), que defende o direito ao aborto na Polônia.
Residente na Itália, Smutniak tem mais de 40 produções no currículo, incluindo as séries Devils e Domina, da Sky, onde interpreta Livia Drusilla. Em 2021, estreou como diretora com o documentário Walls (Mur), que denuncia o muro construído pelo governo polonês na fronteira leste para impedir a entrada de migrantes.
A polêmica não é inédita no universo de Mel Gibson. Jim Caviezel, estrela de A Paixão de Cristo, é católico praticante e contrário ao aborto, enquanto Monica Bellucci, que viveu Maria Madalena, já se manifestou a favor do direito de escolha das mulheres, chamando a proibição de “falsidade moral”.



