Parece que o sitcom que vínhamos acompanhando realmente chegou ao fim. Ao que tudo indica, a cena pós-crédito do episódio 7, além de surpreender os espectadores, marcou o fim do programa que Wanda estava “dirigindo” e, assim, cessaram também as mudanças estruturais e o vai e vem de dentro e fora desse show.
[ALERTA DE SPOILERS! Esse texto contém informações sobre o mais recente episódio de Wandavision]
Para quem não se lembra, no final do último episódio, Wanda foi levada ao porão de Agnes, que se revelou como Ágatha Harkness, uma famosa e poderosa bruxa dos quadrinhos. O oitavo episódio, disponibilizado hoje (26/02) na plataforma Disney Plus, é uma continuação direta desse momento de tensão entre as duas e se passa quase inteiramente dentro do Hex.
De cara, o espectador é surpreendido com a mudança da cor do logo da Marvel, que passa de vermelho para roxo, cor da magia de Ágatha. Logo em seguida, somos transportados para Salém, em 1693, onde Ágatha é levada à fogueira pelo seu próprio coven, acusada de traí-las ao fazer uso de magia obscura.
Como foi revelada apenas no final do episódio anterior, essa abertura e pequeno glance de background foi importante para contextualizar a personagem. Além disso, a mudança do logo foi uma surpresa positiva, pois apesar de o “sitcom” ter acabado, a produção continua livre para mexer com elementos como esse, mesmo de maneira sutil, deixando ainda mais em evidência a liberdade criativa e inovadora da série como um todo.
Desde o episódio anterior, muitas respostas estão sendo dadas, mas ainda há muito em aberto. Aqui, Ágatha afirma que nunca esteve sob o controle de Wanda, e ficou esperando que ela se revelasse. Também demonstra seu choque ao descobrir que Wanda não sabe sequer o básico da feitiçaria. Tudo isso leva por água abaixo a teoria de que a bruxa estivesse por trás da criação do Hex, uma vez que isso é justamente o que ela mesma quer entender: como Wanda conseguiu criar e manter aquela realidade.
O episódio 8 tem um propósito puramente expositivo, mas que não cansa nem entedia o espectador. Pelo contrário, é uma exposição muito bem elaborada e imersiva. Em geral, o uso de elementos expositivos num roteiro não é muito bem visto, especialmente diálogos, e isso vem do fato de que, na maioria das vezes, não são bem utilizados. O episódio 8, assim como o 4, que também serviu como base para diversas explicações e amarrações, são verdadeiros exemplos de como fazer bom uso desses recursos.
Nesse sentido, a própria frase de Ágatha, além de representar os fãs da série, deixa claro o objetivo do episódio de dar mais informações ao público: “Tenho uma teoria. Mas preciso de mais”.
Assim, a bruxa nos leva em uma viagem pela vida de Wanda, passando principalmente por seus piores traumas: desde a explosão que matou seus pais em Sokovia quando era criança, seu voluntariado em Hydra e o contato com a joia da mente no cetro de Loki, sua aproximação de Visão e a dupla morte do amor de sua vida em Vingadores: Guerra Infinita.
Interessante mencionar que, na primeira cena da infância de Wanda e Pietro, seu pai abre uma maleta cheia de fitas de sitcoms americanos, usados pela família para aprender inglês e também para escapar da realidade de guerra do país. Ou seja, desde pequena, Wanda usa os sitcoms como uma forma de conforto para tempos difíceis, assim como durante seu luto pela perda de Pietro. Até que, com a morte de Visão, decide criar seu próprio sitcom. Afinal, melhor do que apenas assistir seria viver em uma outra realidade onde, no final de cada episódio, sempre dá tudo certo.
Outra resposta trazida por esse episódio é a origem do Visão, que o capitão Hayward insinua em episódios anteriores que teria sido levado por Wanda. Porém, após ver o corpo do Visão, Wanda vai embora e, ao entrar em seu carro, se depara com um papel – que ainda não ficou claro como foi parar lá, sustentando ainda a teoria de que talvez tenha mais alguém por trás de toda essa loucura.
A feiticeira, então, segue rumo a Westville, uma cidade aparentemente abandonada e com poucos habitantes. O papel, na verdade, é uma escritura de propriedade de uma casa no subúrbio da cidade, para ela e Visão envelhecessem juntos. Isso é suficiente para que ela crie o Hex e o próprio Visão, num momento de luto e vulnerabilidade.
Ao descobrir tudo isso, o episódio chega ao seu final com Ágatha afirmando que Wanda e seu poder deveriam existir apenas em lendas e que ela é uma criatura capaz de criação espontânea: A Feiticeira Escarlate. De arrepiar!
Sobre a cena pós-crédito da vez, esta traz um novo Visão que, ao que parece, seria o Visão Branco dos quadrinhos, uma versão do androide sem sua humanidade ou sentimentos. Por ter sido remontado pela Sword, é de se esperar que ele siga as ordens do diretor Hayward e provavelmente enfrente o novo Visão criado por Wanda.
No geral, o oitavo episódio é de longe o mais dramático e emocionante, acumulando toda a tensão construída nos episódios anteriores junto com a própria Wanda e culminando com a sua manifestação final – e resposta para os espectadores – de criação do Hex. Os fãs ainda ganharam um mimo ao poder realmente assistir partes da história de Wanda que já eram sabidas, mas nunca tinham sido mostradas.