Malandramente a Netflix chegou toda atraente pronta para dominar, com produções fenomenais que tem conquistado grande parte do público, dessa vez a aposta do Streaming foi em uma série original criada pelos irmãos Duffer, de excelente conteúdo e extremamente nostálgica, Stranger Things veio para representar a nova geração de um jeito clássico.
No mundo dos anos 80 ainda se sonhava com o futuro magnânimo e misterioso, no qual a fantasia e a ficção científica se misturassem com a realidade; foi nessa década que a cultura pop começou a dar os primeiros sinais de sua força através de uma geração nerd marcada pelo bullying, mas principalmente pelo universo incrível que se tornou o seu refúgio. E é justamente nessa época deliciosa, muito bem representada nos filmes que amamos, que está ambientado o SciFi Stranger Things.
O roteiro possui essência e a história flui e te prende do começo ao fim. Tudo começa quando o garotinho Will, depois de passar o dia com seu grupo de amigos jogando o RPG (Dungeos & Dragons), desaparece no caminho de volta para a sua casa. No mesmo dia, um acidente em um laboratório nas redondezas da cidade Hawkings (onde se passa a história) permite que a menina Eleven, uma cobaia de experimentos científicos, fuja. Os dois incidentes se correlacionam e para encontrar Will e desvendar o mistério, os amigos Mike, Dustin e Lucas se uniram e juntos embarcaram em uma grande e surpreendente aventura. Em paralelo, um grupo de adolescentes, a mãe de Will e o Xerife da cidade também estão em busca pela verdade sobre o sumiço do garoto.
Ficção Científica: a abordagem da série é focada em teorias da física quântica que misturam Universos Paralelos e poderes humanos sobrenaturais, explorando aquela velha (e muito louca) ideia dos testes científicos realizados por muitos laboratórios secretos nos EUA e no mundo. Afinal, existem mesmo limites para a nossa mente e a nossa capacidade?
A série desenvolve vários núcleos dentro da narrativa, principalmente de personagens, e aos poucos eles vão se encontrando e se encaixando com coerência até se complementar, o que facilita a compreensão conforme o desenvolvimento, não incomodando com inutilidades. Equilibrada, ela traz tensão, medo, suspense, amor, angústia, tristeza, loucura, felicidade, diversão e seriedade na medida certa.
Como se não bastasse o trabalho bem feito realizado por toda a equipe de produção e direção, a série faz algo tão maravilhoso que derrete os nossos corações e emociona todo o público, desde os mais jovens até os mais velhos; ela nos presenteia com um mar de referências preciosas, que nos fazem lembrar de momentos que amamos quando fazemos coisas que adoramos.
De um jeito delicioso e bem encaixado, Stranger Things faz MUITAS referências, sem contar os Easter Eggs e as citações… Tudo é introduzido com nuances dentro da série, nos detalhes, nos personagens, em algumas cenas/diálogos, objetos, são tantas referências espalhadas que sentimos como se já fizéssemos parte daquele mundo, daquele universo, como se conhecêssemos aquela história e aquelas crianças, talvez porque isso traz à tona a sensação de que eles estão vivendo aventuras que todos nós vivemos dentro das nossas mentes, é como se os próprios personagens fossem inspirados pelas grandes histórias que nos fascinou um dia.
A série é “temperada” com características de Steven Spielberg, Stephen King, J.J.Abrams, John Hughes, John Carpenter entre outros diretores e escritores; as referências vão desde filmes/seriados clássicos como Goonies, Poltergeist, Chamas da Vingança até Fringe, Super 8, Sob a Pele, Waywaird Pines, que são produções mais recentes. A atmosfera do RPG é constantemente presente e a própria série acaba parecendo um jogo. Não bastasse, a música tema (composta por Kyle Dixon e Michael Stein) e a trilha sonora estão sensacionais, a seleção contou com The Clash, David Bowie, The Smiths, New Order, Moby entre outras (aliás, o Spotify liberou a playlist completa da série, vale conferir). Apesar desse mix de coisas, Stranger Things ainda consegue ter a sua própria identidade.
O elenco incrível cativa logo de inicio, os atores mirins escolhidos possuem uma química, uma sintonia que transpassa o sentimento da história, e não só isso, eles atuam muito bem! Assim como os adolescentes, que protagonizam cenas bem legais. Já Winona Ryder e David Harbour também foram excelentes, salvo alguns deslizes da Winona que, do meu ponto de vista, não estava 100% mergulhada no papel, embora valha sempre ressaltar que ela é uma atriz excelente.
Bem, queridos leitores, um portal interdimensional se abriu na nossa frente e essa semana milhares já embarcaram nessa aventura e descobriram um novo mundo, sugiro que você não perca tempo e faça o mesmo, mas se você já fez, bem, vai ser um prazer estar junto com vocês nessa.
Obs: A Netflix já revelou que a série será renovada para a próxima temporada.
Revisado por: Bruna Vieira.