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Há dias atrás assistimos ao retorno de The Walking Dead com euforia e emoção. A série parecia ter voltado para ultrapassar qualquer expectativa que tínhamos. Vimos um roteiro que poderia ir além, apesar da estrutura já consolidada do seriado e da história, mas os capítulos seguintes foram fracos, o que tornou TWD maçante ao público televisivo. A narrativa da série tem a sua linearidade, mas tenta seguir a HQ, o que nem sempre é favorável, pois ambos possuem dinâmicas diferentes. É preciso romper com padrões e o seriado não faz isso.
Episódio após episódio, vemos as mesmas coisas se repetirem, com exceção de um elemento ou outro que possuem o objetivo de diversificar o que claramente é mais do mesmo: os cenários, a narrativa “vilão VS bonzinho”, resistência, comunidade do bem, um novo lar sendo estabelecido aos poucos, queda e ascensão do herói, paz novamente e assim o ciclo recomeça no mesmo lugar. Mas como se não bastasse, agora os episódios caminham a passos muito lentos, estão mornos, parados e ao mesmo tempo em que as coisas acontecem, parece que nada está acontecendo.
Não direi que devemos “abandonar” a série que acompanhamos há anos. Eu mesma não farei isso, mas proponho pensarmos: não está na hora de The Walking Dead acabar? Não está na hora de finalmente vermos qual será o desfecho? Bem, parece que para os roteiristas da série, isso não é algo tão urgente. E mesmo que eles queiram acompanhar a HQ, vocês não acham que às vezes é preciso deixar que a adaptação da obra tome outros rumos? Que é preciso transportar conteúdos e não formatos?
Em relação às filmagens, pode-se perceber que algumas cenas são sugestivas e até óbvias demais, ficam sem sentido, vagas e dão a sensação de que poderiam ser otimizadas ou substituídas por algo de maior relevância. Mesmo assim o todo ainda permanece legal e divertido, sendo esse um dos pontos positivos que agradam a muitos.
O espectador precisa ser deslocado de sua zona de conforto, precisa pensar e a obra por sua vez, deve fazer o papel daquilo que instiga, muda, surpreende, mesmo contendo sua dose de previsibilidade. Com TWD ficamos acostumados ao ritmo, nos acomodamos com a ideia apocalíptica e acabamos por esquecer a essência daquilo que está sendo proposto.
A série tem picos, é como usar uma droga que te entorpece, mas rapidamente tem seu efeito abruptamente cortado. Nós queremos mais de The Walking Dead mesmo sabendo que esses momentos de “prazer” (ou seja, surto por causa de um episódio bombástico) ficarão cada vez mais fracos ao assistir o seriado. Decerto podemos esperar que a temporada se encerre como todas as outras, nos deixando com aquela vontade absurda de ver mais, algo que novamente vai explodir nossas cabeças e nos jogar de novo na eterna questão “E AGORA?!”. Mas e depois? Será que teremos enfim as grandes surpresas que aguardamos?
Para reforçar o conteúdo aqui abordado, conversei com Felipe Fasanella, do canal Triplo FEm, que também escreve para o CDL e assim como eu, acompanha The Walking Dead desde o início e também lê as HQs, ele acrescentou em seu comentário participativo: “Mesmo que a série ainda tenha uma bilheteria muito boa e seja um fenômeno mundial, ela já viu dias melhores com relação a aceitação do público (…) Uma série que varia, que inova a cada episódio, que usa a criatividade a cada reviravolta com uma premissa bem mais presa que TWD acaba se tornando melhor mesmo que sua história não seja tão cativante quanto um mundo pós apocalíptico”.
Como grande fã de seriados, e por acompanhar TWD desde o começo, é difícil admitir que “já deu!”, mas é por ser fã que quero ver o desenvolvimento completo de toda essa história, quero voltar a ter sentimentos empolgantes e descobrir qual é o objetivo e o que será do futuro de Rick e sua nova família. A série não tem como continuar tão estagnada, repleta de maldadezinhas a esmo e um roteiro cheio de enrolações como temos presenciado.
Apesar das insatisfações, continuarei esperando pacientemente pelo fim, como uma escrava desse mundo de zumbi. Mantenho minhas expectativas altas em relação às reviravoltas que ocorrerão. Estou ciente que amanhã ou depois posso estar aqui escrevendo coisas maravilhosas sobre TWD, posso estar elogiando o desfecho ou não, tudo é uma incógnita. Se exceder é um erro comum, saber a hora certa de parar é um privilégio inteligente.