Eu sai do cinema com a sensação de que vi o melhor filme do ano, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é uma obra simplesmente caótica e genuinamente estúpida e audaciosa. Era exatamente o que eu tinha de expectativa mais alta sobre um filme de multiverso.
Em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, somos apresentados a Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma mulher sino-americana que administra uma lavanderia com dificuldades financeiras com seu marido excessivamente otimista Waymond (Ke Huy Quan).
Quando conhecemos Evelyn, ela está rodeada de recibos de contas da lavanderia, graças à auditoria que acontecerá naquele mesmo dia. Seu marido, Waymond, está colocando os olhinhos de plástico em sacos de roupa suja em uma tentativa se ser brincalhão. E, devido a tanto estresse e uma série de coisas para fazer -além de ter que cuidar de seu pai doente, Gong Gong (James Hong)-, não demora muito para Evelyn decepcionar sua filha, Joy (Stephanie Hsu), mostrando que sente vergonha de sua relação homo afetiva ao apresentar a namorada da filha como sendo apenas uma amiga para um parente.
Para piorar as coisas, Evelyn não sabe que Waymond tem papéis de divórcio em suas mãos, e a inspetora da auditoria, Diedre (Jamie Lee Curtis) acusa a lavandaria de fraude. Como muitos dizem, Evelyn está vivendo o pior cenário de vida que poderia acontecer com ela.
Por mais que estivéssemos vendo a pior versão da protagonista, isso não quer dizer que Evelyn não tentou escapar de sua vida monótona e de suas rotinas. Descobrimos por algumas falas que ela queria ser várias outras coisas, entre outros interesses que se tornaram hobbies em vez de carreiras que alteram a vida.
A vida dela muda loucamente quando uma versão de Waymond diz a Evelyn que ela é apenas uma das muitas Evelyn dentro de um multiverso vasto e também que ela é a única que pode derrotar um poderoso vilão que ameaça todos esses mundos, chamado Jobu Tupaki (isso rende várias risadas no cinema, mas vou deixar vocês descobrirem).
Você acaba ficando tão intrigado com toda a situação que acaba nem percebendo as loucuras visuais ao qual você é submetido, tudo acontece com naturalidade por mais que sejam coisas absurdas como uma cena em que um dos personagens come um batom ou uma luta com dildos.
É incrível como a personagem não tem nenhum tipo de dom aparente e nos prende querendo saber o que irá ocorrer, ela é apenas sincera e humilde. Enquanto o vilão apresentado é caótico em níveis filosóficos e levantas questões niilistas de que “quando se vê tudo em todo momento, nada importa, tudo parece tão simples quanto… um pão“. É estúpido e genial.
Quanto aos vastos universos no qual temos acessos, você irá se impressionar. Aqui, trabalhamos com conceitos de tempo ligados a ramificações: cada mínima decisão cria universos paralelos. Conseguimos ver as várias versões da personagem prometidas em trailer de maneira orgânica, em cenas que nos fazem refletir, sorrir e gargalhar.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo atendeu a minha expectativa mais alta do que seria um audiovisual retratando o multiverso de forma niilista. Relembra um pouco do extremo que apenas desenhos animados como Rick and Morty chegaram.
Mas já era de se esperar algo incrivelmente marcante dos diretores que entregaram Swiss Army Man, né? Ah, é! Temos cenas de lutas emocionantes e de tirar o fôlego (em vários sentidos), coreografadas pela mesma equipe que coreografou as lutas de Shang Chi e a Lenda dos dez anéis.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um filme de extremos. Gargalhamos e também podemos deixar uma lágrima cair, principalmente com o personagem Waymond, que é a bússola moral do filme e também tens construções brilhantes e cativantes.
As performances de Michelle Yeoh e Ke Huy Quan estão dignas de Oscar em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. A atuação cria um conjunto de harmonia em meio a uma trama caótica, onde a edição é responsável por cortes cômicos e geniais.
Acredito que em relação a efeitos visuais, está a nível Marvel em sua mais alta entrega., é incrível olhar isso pois Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo não é de um grande estudio. Tenho que destacar a trilha, composta pela banda experimental americana Son Lux, como sendo particularmente importante para a potência emocional do filme.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um triunfo em todos os sentidos da palavra. É um filme original, ousado e sincero. Que ultrapassa os limites do cinema convencional, esse filme me lembrou o motivo pelo qual eu amo cinema e saiu da rotina saturada atual.
Atuações profundas de cada um dos membros do elenco aliadas à excelência em todos os aspectos para entregar, da maneira mais complexa possível, o melhor filme já feito sobre lavagem de roupas, impostos, pedras e caos. Isso é cinema! E, antes de assistir o filme, não esqueça de… respirar.