Morten Tyldum acerta em biografia com muito drama e belas atuações.
Prometendo falar sobre a vida do brilhante Alan Turing, O Jogo da Imitação supera todas as expectativas. Além de expor um retrato fiel sobre parte da vida do excêntrico criptoanalista, o drama surpreende pela incrível produção e, em especial, pelo trabalho de Benedict Cumberbatch (ganhador do Emmy Awards como Melhor Ator de Minissérie ou Filme de 2014, pelo seriado Sherlock). O segredo de mais de meio século fica em segundo plano diante do impecável desempenho do protagonista.
A cinebiografia de Turing (1912 – 1954) mostra a sua contribuição nas estratégias dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Seu conhecimento encurtou a guerra em dois anos e também foi de grande importância na formulação do que hoje conhecemos como computador. Apesar de brilhante, esse gênio tinha dificuldades em se relacionar com as pessoas. Além disso, sua orientação sexual, vista como um crime na época, o levou a conflitos internos, culminando em suicídio em 1954.
Embora trágico, a segunda obra de Morten Tyldum apresenta uma veia cômica que se encaixa perfeitamente ao roteiro. As ironias e as excentricidades do protagonista soam naturais e enriquecem ainda mais a atuação sutil e convincente. Voltando a Cumberbatch, é preciso dizer que este dá um show de expressões, não só nos momentos dramáticos, mas nos gestos mais simples de um homem introspectivo e solitário. É impossível sair da sala de cinema sem elogiá-lo.
Um “porém” do longa é o pouco aprofundamento dos personagens secundários, principalmente quanto à equipe que ajudou Alan a decodificar o Enigma, máquina de codificação alemã que produzia informações ultra-secretas. Apesar dos papéis pequenos, Keira Knightley e Matthew Goode conseguem destaque em suas performances. Interpretando a tímida Joan Clarke, Knightley, em especial, realiza um trabalho bastante expressivo.
O Jogo da Imitação é bem adaptado às telonas. Com base no livro Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges, o longa ganha uma boa dinâmica nas mãos do roteirista Graham Moore. Mesmo focando na vida profissional de Turing e em suas grandes contribuições para a sociedade, os detalhes e os diálogos no decorrer do filme conseguem expressar um pouco de seu lado mais íntimo. Além disso, a narrativa não linear que, por vezes, retorna à sua infância permite ao público conhecê-lo um pouco mais.
De fato, é um drama enriquecedor. Ele não fala apenas da vida de um gênio, mas reflete sobre as relações interpessoais e instiga o espectador a adquirir um novo olhar sobre a guerra e a História mundial. Eleito o Melhor Filme do Festival de Toronto de 2014, fala sobre muito, e ainda termina mantendo o foco na beleza de um homem de grande contribuição para a humanidade, mas que foi mantido parcialmente esquecido por ela mesma. Com indicações ao Oscar em oito categorias, O Jogo da Imitação foi feito para ser premiado.
Assista ao trailer:
Créditos: Uerj Viu