Uma emocionante história sobre laços familiares, amor e responsabilidade com uma pitada deliciosa de comédia. Assim é o filme francês ‘Uma Família de Dois’, do diretor Hugo Gélin.
O longa fez parte da programação de 2017 do Festival Varilux de Cinema Francês e é um remake da comédia dramática “Não Aceitamos Devoluções” (2013), do espanhol Eugenio Derbez.
Estrelado pelo maravilhoso Omar Sy, do maior sucesso do cinema francês, ‘Intocáveis’ (2011), a trama é sobre um bon vivant que de uma hora para outra se vê pai.
Solteiro e despreocupado, Samuel (Omar Sy) vive em Marselha (França), onde trabalha em um resort e vive no mix praia, festas e muitas mulheres. Mas essa tranquilidade sofre um abalo quando Christine (a Fleur Delacour, de ‘Harry Potter e o Cálice de Fogo’), uma mulher inglesa com quem teve um caso amoroso, lhe aparece com um bebê nos braços, informa que ele é o pai e desaparece sem explicações. Em pânico, julgando-se incapaz de cuidar da criança, Samuel viaja para Londres, determinado a resolver o problema e devolvê-la à mãe. Quando percebe que não há forma de a encontrar, arranja emprego e decide criá-la sozinho. Oito anos depois, agora vivendo em Londres, pai e filha são inseparáveis. No entanto, Christine reaparece, empenhada em recuperar a guarda da menina e a retomar o papel de mãe.
Impossível não pensar em ‘Kramer Vs. Kramer’, de Robert Benton, que venceu vários Oscars em 1979. A personagem de Meryl Streep desaparece, deixando o encargo de criar o filho para Dustin Hoffman. Ele se desdobra para ser esse misto de pai e mãe e consegue o seu melhor. Quando está numa boa, Meryl reaparece para brigar na Justiça pela guarda do filho.
Mas, ‘Uma Família de Dois’ toca nesse assunto com mais leveza, o irresistível carisma de Omar Sy e a fofura da atriz mirim Gloria Colston que interpreta a filha de Samuel. Aliás, essa relação de pai e filha rendem as melhores risadas (e lágrimas) do filme. É contagiante o amor entre eles e com Bernie, o tio gay e melhor amigo de Samuel vivido por Antoine Bertrand.
Apesar de algumas mudanças bruscas no roteiro – ora rimos demais e na cena seguinte choramos – o filme tem um debate interessante a respeito da ausência na criação do filhos e sobre o verdadeiro conceito de família.
Mas, de verdade, vale a pena ver esta linda historia de amor entre pai e filha que capta a atenção dos espectadores desde o primeiro até o último minuto. Com um desfecho surpreendente nos faz pensar no significado da vida e na importância de cada dia, assim como é possível fazer grandes mudanças quando as circunstancias assim exigem.