Quando se pensa em histórias em quadrinhos, logo vem à mente animes, desenhos japoneses, super heróis ou fantasias mágicas, basicamente sempre remetendo ao tempo de infância a qual crescemos lendo essas tramas. Porém, esqueça tudo que acha que sabe sobre o mundo das HQs, porque o autor francês Bastien Vivès veio para mudar esse conceito com Uma Irmã.
Com um enredo completamente diferente, sensível e delicado, o livro ‘Uma Irmã’ conta a história de Antoine, um menino de 13 anos que sempre passa as férias com sua família numa cidadezinha no interior da França, mas algo muda quando a jovem Hélène resolve se juntar a essas férias pacatas. Antoine vê seu mundo virar de ponta cabeça e as simples férias que costumava ter, passa a ser uma das mais intensas da sua vida.
Durante a obra, conhecemos Antoine na jornada do primeiro amor e da sexualidade, além de outros sentimentos genuínos que Hélène lhe desperta. O menino de 13 anos se vê no centro de um furacão de emoções e de incertezas, tendo novas experiências e sentimentos nunca antes explorados.
Bastien Vivès narra com riqueza de detalhes através de seus desenhos toda a delicadeza que a história pede, te proporcionando a experiência de vivenciar o verão europeu e a realmente sentir o que os personagens estão sentido, embargando junto nessa jornada de descobertas. Muito além do erotismo, Uma Irmã traz dois jovens a caminho do despertar da adolescência, provocando inúmeros sentimentos.
A leitura é fluída, depois que se começa, não dá para parar até terminar, os desenhos e a narrativa de Vivès não te deixam largar. Sem divisão de capítulos, a obra te conduz de forma leve pela trama dos personagens, além do que, todos os desenhos são em escala de preto, branco e cinza, mostrando detalhes que não se espera de uma história em quadrinhos, demonstrando o sexo adolescente raramente descrito, mas sem ultrapassar a barreira da fantasia erótica.
O sexo não é mostrado como algo rude, bruto ou dois corpos nus em harmonia, e sim descrito com mãos. Além do mais, o enredo não tem trilha sonora ou câmera lenta, todos esses efeitos são feitos através de um quadrinho repetido ou do zoom em alguma parte específico. O passo a passo dessa descoberta, o proibido, a cobiça e o almejado, tudo isso é descrido na obra, mostrando realmente como é essa fase da adolescência. O final é surpreende e você entende mais uma mensagem implícita, que, a partir de um olhar masculino, são elas, as mulheres, que salvam, tanto figurativamente falando quanto literalmente.
A obra mergulha no universo das primeiras experiências de um jovem na sua fase de pré-adolescência e é interessante entender tudo o que acontece e tudo que ele sente, com uma atmosfera um pouco mais erótica, mas sem perder o foco inicial. Todos deveriam ler Uma Irmã, não há nada de errado, e te faz refletir sobre essas primeiras experiências que, de formas diferentes, muitos já passaram.