O mercado dos videogames sempre foi marcado pela coexistência de duas gerações ao mesmo tempo: consoles de mesa e computadores que entregam os melhores gráficos, controles otimizados, novas possibilidades tecnológicas e nova geração de títulos de peso, e os portáteis, aparelhos com capacidade gráfica bem reduzida, tamanho compacto, jogos separados e a possibilidade de carregar um videogame para todos os lugares.
Embora o mercado de portáteis tenha sido ameaçado pelo fraco desempenho de aparelhos como o PlayStation Vita e pelo crescimento do mercado de smartphones, em 2017, o anúncio do Nintendo Switch revigorou a categoria e mudou permanentemente nossas expectativas para essa categoria de hardware: agora um console portátil deve ser capaz de rodar os mesmos títulos de última geração que os consoles de mesa, sacrificando a qualidade gráfica ou taxa de quadros em prol da portabilidade.
Foi neste mercado aquecido que a Valve, gigante do mundo dos games de computador, iniciou a produção e venda do Steam Deck – misto entre um computador gamer e um console, o Steam Deck oferece controles extremamente customizáveis, alta performance para jogos, APU da AMD com suporte a recursos avançados como ray tracing e treinamento de IA – como explica a ExpressVPN, e sistema operacional Linux completamente livre – com acesso a quase todos os jogos da biblioteca do Steam. Agora, em um lançamento surpresa, uma versão renovada do console chega ao mercado e promete recuperar o espaço perdido para seus concorrentes – mas será que o novo modelo vale a pena? E no Brasil, vale a pena comprar um Steam Deck ou Nintendo Switch OLED? Confira.
O novo Steam Deck OLED
O modelo original do Steam Deck foi lançado em diversos países da América do Norte, Europa e Ásia, e rapidamente conquistou os usuários ao oferecer compatibilidade com a maioria dos jogos da biblioteca do Steam, além da possibilidade de instalar jogos de outras plataformas como a Epic. Seu sistema operacional, apesar de adaptado para a jogatina, também permite a instalação de programas comuns como navegador de internet e pacote office. Apesar de bastante grande, o Steam Deck possui design confortável, alta qualidade de áudio e vibração, e inúmeras opções de controles customizáveis incluindo botões traseiros, trackpads e sensores de movimento.
No entanto, o console não é perfeito: com uma tela LCD oriunda de modelos antigos de tablet, com baixo contraste e pouca fidelidade nas cores, o Steam Deck recebia críticas ao ser comparado com a tela do Nintendo Switch OLED. Além disso, a duração de bateria do console era um problema frequente – não superando a casa das duas horas em jogos pesados, que resultavam em temperaturas bastante altas e potencialmente desconfortáveis, especialmente em climas quentes como o brasileiro.
O novo modelo OLED foi anunciado ainda este mês pela Valve, e corrige todos os problemas do modelo anterior – além de incluir alguns adicionais interessantes. O novo console apresenta tela OLED com a mesma resolução, mas maior tamanho, impressionantes níveis de contraste e qualidade de cores, e suporte ao HDR – tornando-se o primeiro portátil com suporte a games com essa tecnologia. Além disso, o console possui duração de bateria 30% superior, velocidade de Wi-Fi mais rápida, temperatura de operação reduzida, controles analógicos melhorados, ventoinha silenciosa e motor de vibração mais intenso.
O modelo OLED também aumenta a capacidade de armazenamento de todos os modelos – substituindo o mínimo anterior de 64 GB por 512 GB. Os modelos anteriores do aparelho, com tela LCD, continuam a ser vendidos pela Valve, porém recebem redução em seu valor e leves melhorias relacionadas ao som da ventoinha e velocidade do SSD.
Steam Deck vs Nintendo Switch no Brasil
Apesar de outras opções existirem no mercado, como modelos da Asus e Ayaneo, o Nintendo Switch (e seu modelo OLED) e o Steam Deck certamente representam as opções mais viáveis e conhecidas pelo público – sua integração e otimização com suas respectivas plataformas, títulos exclusivos e qualidade de hardware, além do custo relativamente baixo comparado às alternativas, tornam os dois consoles os principais concorrentes dentro deste segmento. Mas para brasileiros, será que é possível comparar o custo benefício de cada aparelho?
Steam Deck (e Steam Deck OLED):
Vantagens:
● Performance superior: em sua resolução nativa, o Steam Deck é cerca de 3 vezes mais potente que o concorrente da Nintendo, permitindo melhores gráficos e taxas de quadros.
● Compatibilidade com jogos de PC: baseado em Linux e com loja Steam integrada, não é necessário esperar que o jogo seja adaptado e lançado no console, o Steam Deck é compatível com a maior parte dos jogos novos e antigos para computador.
● Sistema aberto: é possível instalar mods para os jogos, fazer backup de saves, além de usar programas de produtividade ou até mesmo quebrar um galho como PC para trabalho. O Steam Deck, apesar do nome, não está preso ao sistema da Valve e pode executar jogos de outras lojas ou até receber uma instalação do Microsoft Windows.
● Ecossistema de reparos: a Valve fornece para revendedores diversas partes e peças de substituição, e permite que os usuários abram o console de forma facilitada. É possível arrumar, em casa, grande parte dos defeitos do Steam Deck.
● Preço de jogos: jogos comprados na loja Steam são frequentemente mais baratos que plataformas concorrentes, possuem preço adaptado à região brasileira, e promoções frequentes com descontos significativos.
Desvantagens:
● Disponibilidade no Brasil: o Steam Deck não está disponível oficialmente no Brasil, portanto, deve ser importado ou comprado de revendedores não autorizados, fatores que aumentam seu preço e dificultam o uso da garantia.
● Tamanho e peso: o aparelho é significativamente maior e mais pesado que um Nintendo Switch, especialmente comparado ao modelo Lite. É possível carregar o Steam Deck em uma mochila, mas o console ocupará mais espaço, será mais pesado, e poderá resultar em problemas para quem possui dificuldades ergonômicas com consoles portáteis.
● Duração de bateria: apesar de ser possível atingir a casa das 5 horas de duração em jogos leves, em jogos pesados o Steam Deck pode durar menos de duas horas longe da tomada, e pode exigir múltiplas horas para ser carregado por completo, reduzindo seu valor como portátil para longas viagens.
Nintendo Switch (Lite e OLED):
Vantagens:
● Jogos exclusivos: o Nintendo Switch é a única plataforma onde jogos exclusivos da Nintendo podem ser encontrados, e em todos os seus anos, a biblioteca do console já acumulou títulos universalmente aclamados e considerados entre os melhores da última geração, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Super Mario Odyssey.
● Tamanho e portabilidade: o portátil da Nintendo chocou o mundo por ser considerado grande no ano de seu lançamento, mas comparado aos concorrentes, o aparelho é muito mais fino e leve. O modelo Lite, lançado posteriormente, é ainda menor e mais compacto, cabendo com facilidade em uma mochila pequena ou bolsa.
● Mídia física: os jogos de Nintendo Switch podem ser comprados digitalmente, como no Steam Deck, mas também existem em cartuchos físicos vendidos em lojas e que, posteriormente, podem ser colecionados, trocados ou vendidos, permitindo que o consumidor retome parte do valor de sua compra para investir em novos jogos.
● Disponibilidade no Brasil: o aparelho é vendido oficialmente pela Nintendo e suas lojas parceiras no Brasil, incluindo garantia e suporte técnico.
Desvantagens:
● Performance: o console da Nintendo é baseado em uma arquitetura para dispositivos móveis desenvolvida em 2015 – portanto, apesar de muitos jogos estarem disponíveis
para o aparelho, o Switch sofre com gráficos inferiores, baixa resolução, e baixa taxa de quadros na maioria dos lançamentos multiplataforma.
● Reparos e drift: os controles do Nintendo Switch são altamente suscetíveis a um defeito conhecido como “stick drift” que atrapalha a jogatina, exigindo que sejam encaminhados a uma assistência técnica oficial para reparos. Em linhas gerais, qualquer defeito no videogame exigirá reparo especializado, pois a Nintendo não disponibiliza peças para terceiros.
● Preço de jogos: os jogos para o console, tanto em sua loja virtual como em mídia física, são significativamente mais caros que os valores encontrados na loja Steam – mesmo quando o mesmo título é comparado diretamente, sem promoções. Por isso, para brasileiros, o investimento no Switch também deve levar em consideração a compra de jogos por valores mais elevados.