Ponto final… Na mesma linha. Muitas pessoas acreditam que o ponto final tem a única função de fechar ou acabar com uma narrativa, ideia ou comentário. Não é bem assim. Na verdade o ponto final é uma pausa absoluta, o final de uma parte ou período o que também pode representar um novo começo.
Vingadores: Guerra Infinita pode até ter sido vendido como um ponto final do universo Marvel, mas está mais para a virgula que antecede o ponto final de uma frase, não de um texto.
Depois de anos de espera finalmente temos uma clara demonstração do poder e crueldade de Thanos. O vilão é impiedoso, mesmo os mais fortes heróis parecem sucumbir de maneira fácil diante dele. Ele segue sua busca pelas joias do infinito. O que deseja? Genocídio! Mas por incrível que pareça é fácil de compreender os motivos.
O mundo está cheio de pessoas e os recursos são insuficientes, logo a fome e doenças se espalham e trazem caos e destruição. A solução do vilão é matar metade das pessoas do universo, de forma igual. Não importa a raça, status ou conta bancária. Para isso ele precisa das joias e em sua procura ele deixa um rastro de dor e morte.
Ele e seu exército acabam forçando o encontro (e reencontro) de muitos heróis do universo Marvel, mas grande parte desses encontros ocorre de maneira separada. Isso acaba forçando o filme a ter muitos núcleos ao longo de sua narrativa, o que acaba se tornando um pouco cansativo ao longo das duas horas e meia, nada que o humor típico não ajude a aliviar.
Um ponto que fica evidente no longa é o cansaço dos personagens, uma maneira de justificar o final que se aproxima. O relacionamento dos Vingadores continua estremecido, para não dizer nulo entre alguns deles. O Homem de Ferro quer uma vida normal, o Capitão América busca um sentido para a vida, o Hulk decidiu se desprender do Banner, Thor tem raiva de tudo e todos, a Viúva Negra tem participação tímida.
Em compensação temos uma participação maior de outros heróis, Pantera Negra, Homem Aranha, Guardiões da Galáxia (que são um dos pontos altos do filme) e destaque para o Dr. Estranho que pode ser aquele que carrega as respostas para o final.
Cada joia conquistada é um preço alto para pagar. Tanto por aqueles que cedem ela, quanto por aquele que a captura. Sim, Thanos tem sentimentos e até chora.
O cenário não poderia ser mais desolador, em uma rápida viagem no tempo Dr. Estranho informa que viu diversos cenários para os acontecimentos que estão por vir e em 14 milhões só em um deles o vilão é derrotado. Não se esqueça disso!
O filme é o mais sombrio dos produzidos, também é um dos mais concisos e bons. Os irmãos Russo tinham a certeza do que queriam e o caminho para chegar até lá. O último ato é o que empolga mais, principalmente pelas belas batalhas e decisões difíceis que os personagens precisam tomar para salvar o universo, mas também é o que pode decepcionar ou deixar um gosto amargo na boca. Vingadores tinha a faca e o queijo na mão, mas não entrega tudo o que poderia, uma clara estratégia para a continuação que o longa terá, mas isso também pode ter sido um tiro no pé já que o final pode decepcionar um pouco os fãs mais afoitos.
Dizer que o filme deixa uma ponta para continuação é errado, ele deixa um rombo. Não existe a possibilidade de não ter uma continuação. A cena final, que vem após todos os créditos, deixa uma pista dos novos rumos que o universo terá.
Vingadores: Guerra Infinita definitivamente entrega o que prometeu e deixa um gostinho de quero mais, mas não deixa de pecar ao não utilizar todo o seu potencial (um erro quase imperdoável para a experiente Marvel). Não era preciso deixar o final tão aberto, talvez a cena pós-crédito sendo utilizada como última cena do filme ajudasse mais na conclusão da poderosa franquia. O fim pode parecer um tanto triste ou desolador, mas sem dúvidas existe a possibilidade de um final feliz.