Entendemos que para quem vem dos quadrinhos, não é fácil se adaptar aos livros; os livros derivados das HQs, trazem uma abordagem completamente diferente, querendo ou não. A falta das figuras principalmente nos momentos de ação, nos dão uma abertura de leque gigantesca sobre qual é a real postura de um personagem icônico como o Batman, naquele momento. Muitos gostam dos quadrinhos exatamente por eles não terem a “lenga lenga” dos livros, onde se gasta muitas linhas (e até páginas) explicando detalhes de cena, cenários e atitudes que são facilmente mostradas em uma única figura, mas se você prefere o conteúdo com detalhes principalmente sobre a origem dos personagens, Wayne de Gotham é um prato cheio.
Wayne de Gotham é uma história sobre o presente e o passado, sobre uma investigação que envolve duas gerações de uma família poderosa com segredos obscuros. Velhos inimigos voltarão… Novos inimigos surgirão… E o Cavaleiro das Trevas fará descobertas agonizantes em sua batalha incansável pela verdade.
Wayne de Gotham me faz crer que tenha algumas inspirações na trilogia de Nolan, e que se passa pouco antes de “O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller. Uma história que põe em jogo alvos costumeiros do cruzado encapuzado com personagens que lhe colocam à prova o julgamento de culpado ou inocente.
Sabemos que Bruce sempre se inspirou no pai para se tornar Batman, e que o amor incondicional que Thomas Wayne tinha por Gotham foi o principal pilar para a construção do caráter de Bruce e o alvo de luta de Batman, mas quando Bruce recebe pistas sobre o passado de seu pai e estas levam-no a crer que Thomas não era o homem que ele acreditava, qual o impacto isso acatará em Bruce e em seu alter-ego?
Ao se deparar com vários crimes suspeitos cometidos por pessoas com perfil divergente de criminosos, Batman crê logo de cara que seu alvo seja Fay Moffit, que assumira o papel do ex amante, Spellbinder; que usa a hipnose para manipular suas vítimas para que cometam seus crimes. Mas a trama está longe de ser solucionada, e quando Batman encontra a própria Moffit e outros também hipnotizados, sua investigação do real culpado pelos crimes acaba rumando para um caminho onde erros do passado de seu pai são expostos e Bruce acaba duvidando até mesmo da pessoa mais próxima dele.
Nessa trajetória, encontramos vários inimigos de Batman conhecidos dos quadrinhos, como o Ventríloquo e a própria Arlequina. Conhecemos um Batman que conta com uma tecnologia avançada para repor as limitações que a idade impôs ao seu corpo, detalhes sobre a vida dos pais e de seu tão querido Alfred, e um inimigo que sabe quem é o homem por trás da máscara vêm do passado para atormentá-lo.
O final é eletrizante: os papéis se invertem e um momento de glória de Louco Amor é referência para a cena final. Final esse que ocorre no mesmo local da mais assustadora lembrança que Bruce tem na infância e traz à tona o que Batman pensa de seu arqui-inimigo.
Wayne de Gotham, ao contrário de muitos livros adaptados dos quadrinhos, prende a atenção do começo ao fim. Bruce tem tanta vida quanto Batman, e o enlace entre o presente e o futuro é realmente hipnotizante.