Asteroid City tem diálogos, narrativas peculiares, comédia sutil que esconde questões profundas, sequência de cenas dramáticas enquadradas simetricamente, personagens excêntricos, elenco em peso e a famosa fotografia carregada de cores – muitas vezes em um tom amarelado.
Essa é a marca registrada de Wes Anderson. Aos seus fãs, essas características nunca os cansam, mas me pergunto se não sentem saudade de certos traços do diretor, como a sua estimulante narrativa, que vem perdendo força de uns tempos pra cá, ou ao menos acham necessária uma reciclagem ou inovação do mesmo.
Apesar de Anderson insistir em certas técnicas confortáveis, em Asteroid City ele se atreve a procurar colocar novas maneiras a fim de se libertar de alguns conceitos e manter seu jeito excêntrico. Um desses exemplos é adicionar a ficção científica com uma breve pitada de Spielberg. Algo que percebi que o diretor também deixou de lado foi o seu perfeccionismo, deixando até algumas partes do cenário fora do jogo de câmera. São essas pequenas mudanças que o diferenciam do de sempre, mas mesmo assim, não se destacam, apenas passam em branco pela sua estética.
Contudo, seu estilo sempre foi chamativo, assim como sua narrativa diante dos personagens excêntricos e profundos como de Os Excêntricos Tenenbaums. Já desde A Crônica Francesa e agora com Asteroid City vemos seus personagens ainda excêntricos com a pitada de humor que carrega trauma dos mesmos, mas estão se tornando cada vez mais desinteressantes.
Há personagens como o fotógrafo Augie (Jason Schwartzman) e a atriz Midge (Scarlett Johansson) que carregam uma certa profundidade em suas histórias, entretanto, há também aqueles que aparecem apenas para tornar o longa interessante ao espectador ou para aparecer nos créditos – entre eles Tom Hanks, Steve Carrell e até mesmo rostos antigos em filmes do Anderson como Tilda Swinton. Claro que vemos que com essas suas duas últimas obras ele estabelece vários núcleos e histórias que não daria mesmo para abranger todas, mas nem ao menos elas se tornam atrativas ao todo, chegam perto, mas logo se tornam monótonas com todos aqueles diálogos meio vazios.
Mas afinal, roteiro não é tudo em um filme. Anderson sempre priorizou a estética acima de tudo e com esse último acredito que ele nem pretende se desfazer disso.
O que chama a atenção, além do roteiro estreito, é a metalinguagem. Com um filme falando sobre fazer filmes, Anderson dá a sensação de que poderia ser ele mesmo falando com o público ao invés de Edward Norton. Além dessa quebra da quarta parede, também vemos os próprios personagens saindo de suas cenas dentro do filme várias e várias vezes, fazendo me questionar o que ele realmente quer nos mostrar. Sendo mostrando o processo de execução de seus filmes ou não, a verdade é que a “Asteroid City” foi apenas criada pela estética, e não a verdadeira atenção do filme. Foi apenas para manter sua marca.