A ausência de Eduardo Spohr foi sentida no encontro entre autores nacionais reunidos pela Bienal para falar sobre “Mistério, Terror e Fantasia”. André Vianco, após fazer uma brincadeira simulando ser Eduardo Spohr disfarçado, apelou para sua participação no evento, mostrando como o escritor é querido. O debate também contou com a presença dos autores Karen Soarele e Felipe Castilho.
O mediador Guilherme Dei Svaldi introduziu os convidados no tema ao evocar a literatura fantástica nacional clássica e, partindo desse ponto, lhes perguntou o que eles – escritores contemporêneos – têm que os clássicos não têm. A primeira resposta veio de Karen Soarele.
“A gente fala a língua que o leitor fala hoje em dia. Os clássicos são muito importantes porque eles fundamentam a nossa literatura, mas não tem essa ‘formação’ de leitor” disse Karen, autora de A Joia da Alma “Eu conheci pessoas que não gostavam de ler porque não conheciam essa parte gostosa da leitura”
André Vianco comentou que teve inspiração em clássicos e que eles lhe ensinaram como fazer o leitor virar a página atrás da outra, mas que não tinham o conteúdo que a gente tem hoje porque eles não viveram nos dias de hoje.
“Eu estou em duas canoas: um pé no clássico e um pé no contemporâneo” afirmou Vianco, autor de Os Sete.
O bate-papo enveredou para a necessidade da fantasia e sobre suas características. Karen sinalizou que é “importante observar as analogias” que os autores constrõem utilizando acontecimentos contemporâneos com elementos fantásticos, pois é isso que o escritor deseja conversar com o leitor.
“Por mais que nossa literatura seja de entretenimento não, seja de terror, seja de fantasia, ela é também sobre o ser humano” explicou a autora “Ela é utilizada para tocar em assuntos que muitas vezes são complicados de conversar abertamente”
Entre algumas piadas e brincadeiras, os convidados levaram em consideração a recente censura ocorrida com as obras envolvendo tema LGBTQ+ de forma humorada. O mediador Guilherme chegou até fazer uma simulação de RPG instantâneo utilizando os convidados como personagens e a censura como o conflito a ser resolvido.
Durante a conversa ainda foi abordada a importância de o leitor brasileiro ler autores nacionais e comentou como os interlocutores atuais adoram quando a história é ambientada em seu país de origem.
“Os leitores amam isso, se ver nas páginas” disse Vianco.
E Felipe Castilho explicou que a brasilidade pode estar presente no livro de várias formas, não apenas mencionar características nacionais.
“Você não precisa mecnionar ruas brasileiras no texto, mas pode levar o Brasil para dentro deste universo” argumentou Felipe, autor de Serpentário.
Karen Soarele contribuiu dizendo que “o Brasil vai além da extesão territórial. O Brasil somos nós”.