Drop: Ameaça Anônima, novo lançamento da Blumhouse, prometia entregar um thriller moderno e sufocante, mas infelizmente tropeça feio no próprio roteiro e no excesso de pirotecnia mal colocada.
Dirigido por Christopher Landon, conhecido por seu envolvimento com a franquia Atividade Paranormal, o longa já chega envolto em polêmica pela sua presença. Landon foi escalado para dirigir o novo Pânico, mas acabou saindo do projeto após alegar ter recebido ameaças de morte de “fãs”.

No entanto, há uma área cinzenta nessa história, já que o novo Pânico se tornou um dos filmes mais controversos da franquia até agora. A demissão da atriz Melissa Barrera, por seu suposto ativismo pró-Palestina, inflamou as redes sociais, e muitos fãs acusaram Landon de ter feito parte da decisão. Nada disso foi oficialmente confirmado, mas o impacto da polêmica pode ter respingado na aceitação desse novo trabalho.
Quanto ao filme em si, a tentativa de modernizar um enredo já bastante batido: a ideia de um personagem sendo controlado por mensagens misteriosas e que precisa manter tudo em sigilo, até começa de forma interessante. Inserir esse tipo de narrativa num contexto mais atual, tecnológico, é uma boa sacada. Mas acaba lembrando imediatamente thrillers como A Chamada (com Liam Neeson), Voo Noturno de Wes Craven e até mesmo um pouco de Duro de Matar. A tensão inicial é bem construída, o suspense de tentar descobrir quem está por trás das mensagens funciona e prende, mesmo que, com o tempo, vá se tornando previsível.

O problema é que tudo isso desmorona no terceiro ato. A trama, que até então se mantinha relativamente coerente, começa a apelar para o absurdo. E vou ser direta: isso já era de se esperar quando o nome de Michael Bay aparece como um dos produtores. Há quem defenda seu estilo explosivo, mas neste caso, é justamente isso que destrói o clímax.
A cena em que a protagonista fica pendurada por um pedaço de tecido, após um vidro estourar e empurrar os personagens para fora, é um espetáculo de mau gosto beirando o ridículo. O VFX parece saído de Transformers, completamente fora de tom para um thriller psicológico (além de ter uma qualidade péssima).
A atuação dos protagonistas é um dos pontos altos do filme, especialmente Meghann Fahy, conhecida por sua performance em The White Lotus. Ela carrega bem a tensão e o desespero de sua personagem, até o momento em que o roteiro exige reações forçadas e decisões sem pé nem cabeça. A química entre ela e o parceiro de cena também funciona no começo, mas se perde conforme as situações vão ficando mais surreais.

O final é apressado, clichê e, pior: deixa uma avalanche de perguntas sem respostas. Além das já mencionadas, como Violet conseguir dirigir até em casa em minutos, o assassino ignorar ordens diretas, como Richard colocou uma nota de $20 USD dentro da salada e o aparecimento milagroso de uma arma em um carrinho de brinquedo, a maior de todas talvez seja: por que Henry ficou tanto tempo num date tão estranho? A relação dos dois, que deveria ser o ponto de partida emocional do filme, acaba se tornando apenas mais uma peça mal encaixada.
O motivo da perseguição, o envolvimento do prefeito, a verdadeira intenção por trás das ameaças, tudo fica raso, como se o roteiro não tivesse decidido se queria ser um thriller político, psicológico ou apenas mais um suspense descartável.
No fim das contas, Drop: Ameaça Anônima é uma decepção. Tinha tudo para ser uma obra afiada e envolvente, mas se perde em exageros, decisões equivocadas e falta de profundidade. Mais um sinal preocupante de que a Blumhouse pode estar enfrentando uma crise criativa, apostando mais em nomes e fórmulas do que em boas histórias. Infelizmente, esse não vale o ticket.