Em 2017 nós conhecemos o Clube dos Otários, um grupo de 7 amigos que se uniu para lutar contra o ‘palhaço’ Pennywise, a entidade que causou várias mortes na cidade de Derry. Agora, em 2019, chega aos cinemas o segundo capítulo dessa história.
Baseado no famoso livro do ainda mais famoso autor Stephen King e dirigido por Andy Muschietti (que também já dirigiu Mama) It: Capítulo Dois é a verdadeira obra-prima do terror.
O termo acima é uma brincadeira minha, pois é o título do telefilme de 1990 que, na minha opinião, não é muito bom. Temos aqui um dos poucos casos em que não só o filme de um livro é muito bom… como o remake é melhor do que o original.
Li recentemente o livro que gerou essa história toda e, ao sair do cinema, minha sensação foi a de total satisfação. Mais uma vez temos ótimas atuações, aqui da versão adulta dos personagens. Apesar do casal principal ser Bill e Beverly (James McAvoy e Jessica Chastain), os adultos que roubam a cena são Richie (Bill Hader) e Eddie (James Ransone), claro, com aquela sempre honrosa menção a Bill Skarsgard como Pennywise.
O filme se inicia com uma cena descartada no telefilme, mas que abre o livro: um assassinato em particular, que desencadeia uma série de ligações para o grupo de amigos 27 anos após os incidentes visto no primeiro filme. A direção opta por transições e planos muito bonitos e estranhamente satisfatórios ao olhar para apresentar as ligações. Logo de início a qualidade do filme é perceptível.
O livro se mantém como grande base para a história, aqui mais organizada. Não é um ‘copia-cola’, mas sim um apanhado dos melhores acontecimentos junto com adaptações cabíveis. Reparei em pensamentos de duas linhas se tornando cenas assustadores. A essência da história está ali e há muitas referências que só os leitores captarão, mas o roteiro é esperto em não torná-las primordiais pra história, permitindo assim agradar ao fã mais hardcore, mas sem menosprezar a pessoa que entrou por curiosidade no cinema.
Assista ao primeiro e preste atenção nesse. O tempo de duração é necessário, pois tem muita explicação. Não tem muito pra se cortar, apesar de umas cenas alongadas no segundo ato e podem ser consideradas barrigas, não tem descanso ou monotonia, tem sempre algo acontecendo na tela.
Um outro pequeno fator que pareceu incomodar só a mim foi a trilha sonora, que é muito fantasiosa. Senti que ela crescia em momentos em que não lhe cabia, me tirando um pouco da imersão. Ao conversar com outros críticos, as idéias não batiam. Pesquisando sobre Benjamin Wallfisch – o compositor em questão – me deparei com trabalhos como It: A Coisa, Blade Runner 2049 e Annabelle 2. Esses trabalhos são excelentes e sinto que preciso assistir mais uma vez pra dar forma à minha opinião.
Fora esse incômodo, acho que a outra única observação negativa que consigo fazer é ao personagem Ben Hanscon, interpretado por Jay Ryan (que já vi em umas duas séries muito ruins por aí). Ele é o ator adulto mais desconhecido e mais fraco, com algumas piadas que não colam, mas que acabam sendo irrelevantes para a história e, portanto, consigo desconsiderar.
As crianças são as grandes personagens, apesar de terem menos espaço de tela. It é um livro que se passa num grande espaço de tempo e sua adaptação precisava dar espaço aos adultos para se concluir. Ainda assim, pontua as crianças e deixa a essência delas prevalecer.
É um filme de terror completo, com roteiro, boas atuações, violência, gore, jumpscare, atmosfera, sombras e monstros. Trabalho ótimo do CGI, que pegou ainda mais pesado no terceiro ato e rendeu cenas SENSACIONAIS. É potencial de blockbuster num gênero normalmente desvalorizado.
Se você acha que essa história é uma piração total… lembre-se que o autor estava chapado o tempo inteiro quando o escreveu. E te garanto que está tudo enxugado para a sua compreensão, porque gente… o livro… é muito mais confuso e pirado.
Assista com os amigos, reveja sozinho, faça maratona, leiam o livro, cabaneiros!!! Essa obra merece a sua atenção e se você é fã de terror, vai valer muito a pena.