A 2ª temporada de “Jessica Jones” estreou premeditadamente como uma forma genial de marketing, no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, e não poderia ter sido em um momento melhor. Justamente para criar uma identificação com o público feminino, mostra uma protagonista forte – não apenas no sentido literal – e, mais que isso, humanizada.
Jessica Jones está começando a recuperar sua vida após matar Kilgrave (David Tennant), que a fez ficar conhecida pela cidade como a assassina com super-poderes. Porém, um novo caso faz com ela cave mais fundo em seu passado, obrigando-a a entender quem ela realmente é.
Os novos episódios foram dirigidos por treze diretoras que fizeram um ótimo trabalho. A quantidade de episódios aqui, porém, se tornou um problema, gerando momentos maçantes ao não ir direto ao ponto e focar em elementos sem importância. Literalmente, enchendo linguiça. Felizmente, o enredo principal e os personagens incríveis que já conhecemos e as novas adições ao elenco superaram as partes entediantes da temporada.
Diferente da primeira temporada, que tivemos a presença ilustre do vilão Kilgrave, a segunda temporada não tem um vilão propriamente dito. O que a temporada traz são os demônios internos e problemas pessoais que os personagens precisam enfrentar como obstáculo.
Primeiro, é claro, tem a Jessica. Da temporada anterior até aqui, ela aprendeu a lidar com certos problemas e encarar de frente certas situações. Mas quando seu passado a confronta, fica claro que a protagonista ainda tem muito a trabalhar para superar todas as suas tormentas. E, finalmente, o espectador entende as circunstancias da vida de Jessica que fizeram ser quem ela é.
O segundo destaque vai para o Malcolm (Eka Darville). Ele começou como um drogado sendo manipulado por Kilgrave para espionar Jessica e teve o maior crescimento de personagem da temporada. No início como assistente de Jessica, ele deu a volta por cima e encontrou um rumo para seguir em sua vida. Depois, vem Trish Walker (Rachael Taylor). Determinada a desenterrar o passado de Jessica para esclarecer a história de uma vez por todas, ela tem seus problemas e próprias inseguranças para lidar, levando-a a seguir caminhos perigosos para conseguir o que tanto almeja. Além disso, sua mãe Dorothy Walker está presente para infernizar sua vida, o que agrega à temporada uma dinâmica interessante entre mãe e filha.
O destaque negativo vai para Jeri Hogarth, interpretada pela Carrie-Anne Moss. Logo no começo, ela descobre estar doente e mesmo com a atuação impecável, a história parece ter sido jogada de qualquer forma e todas as vezes em que ela aparece na tela, é difícil para o espectador se conectar com a personagem.
Novamente, a série volta a abordar temas atuais relevantes como imigração, abusos não só em relacionamentos amorosos, mas em relações familiares e problemas psicológicos, fazendo com que Jessica Jones vá além da temática de super-heróis, ganhando pontos pela humanidade colocada nos personagens e criando uma identificação positiva com o espectador.
Em suma, 2ª temporada de “Jessica Jones” não supera a anterior, mas não fica muito para trás. O final da temporada deixa em aberto possibilidades para um terceiro ano, que corrigindo os erros cometidos nessas duas temporadas, tem potencial para alcançar o nível de qualidade visto em Demolidor, a melhor produção da Marvel/Netflix até agora.
A 2ª temporada de “Jessica Jones” já está disponível na Netflix.