A série gira em torno dos Alvares, uma família cubano americana um tanto diferente. Penélope (Justina Machado) é ex-militar e mora com sua mãe conservadora, Lydia (Rita Moreno), e seus dois filhos adolescentes, Elena (Isabela Gomez) e Alex (Marcel Ruiz). Penélope ainda tem que conviver com as frequentes visitas de Schneider (Todd Grimbell), seu vizinho e dono do prédio, e do Dr. Berkowitz (Stephen Tobolowsky), seu chefe mais “amigo” de Lydia.
O foco da serie é o relacionamento entre os personagens diante dos problemas colocados perante eles, mesclando com pautas pesadas. Mas a comedia feita de forma cuidadosa e leve, juntamente com o dialogo familiar, deixam o coração quentinho. Agora cuidado, essa critica contém spoilers.
Nas duas primeiras temporadas, os assuntos considerados tabus já eram muito bem explorados, como xenofobia, feminismo e comunidade lgbt+. A terceira temporada conseguiu acrescentar mais pautas, como alcoolismo e getrificação, e continuar trabalhando com as pautas já trabalhadas, como no episodio que Penélope flagra Alex fumando maconha e incluem a xenofobia na problemática.
Com uma jornada admirável, é notória a evolução de Alex, desde o segundo episodio, que fala sobre toxidade masculina, até o último, em que esse mostra disponível para escutar Elena. No inicio vemos que o egocentrismo e a vontade de ser popular é alta, mas aos poucos ele consegue enxergar como esse desejo por atenção atrapalha a convivência dele com as pessoas que o ama. Então, com uma mudança gradativa de mentalidade e diante de temáticas diversas – como assédio, maconha e uso das redes sociais -, o personagem muda sua perspectiva e amadurece.
O mais surpreendente nessa temporada foi a atenção dada ao Schneider e ao Leslie. O canadense trouxe grande emoção aos expectadores ao expor mais sobre seu relacionamento com o pai e ao enfrentar novamente o alcoolismo, um vício que ele tinha deixado por oito anos. O médico foi mais trabalhado em relação às outras temporadas, a convivência dele com a família aumentaram, ensinando Elena a dirigir e caminha na direção de um relacionamento mais saudável com seus filhos de sangue.
Não poderia terminar essa crítica sem escrever em especial sobre o nono episódio. A forma genial e didática sobre como é lidar com a ansiedade, utilizando o preto-e-branco quando os personagens imaginam cenários negativos e precisam contornar a situação, explicando que ansiedade é um distúrbio hormonal e pode ser controlado com o apoio de familiares e amigos – e figurinhas de cachorros usando perucas.
Diante de um final singular, é esperado que na próxima temporada, seja explorada a historia de Lydia e Leslie em Cuba, o relacionamento de Elena com seu pai e Sid, Schneider diante da saída do alcoolismo, Alex se tornando um adolescente, e , claro, Penélope como enfermeira clinica.
“One Day at a Time” está disponível na Netflix.