Operacao Vinganca

Crítica | “Operação Vingança” é mais do mesmo

Operação Vingança poderia seguir a fórmula dos filmes do astro Liam Neeson, mas prefere ir para o mais clichê possível.

Nicks Froes
Nicks Froes
Apaixonada _(e formada)_ por cinema, especialmente pelo gênero de terror. Assisto filmes, edito vídeos e crio estratégias criativas. Dissecar cada detalhe e compartilhar minha visão de...
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Operação Vingança (2025)

Baseado no livro The Amateur, do mestre da literatura de espionagem Robert Littell, Operação Vingança chega aos cinemas com a promessa de um thriller policial/político envolvente.

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Littell, conhecido por suas obras recheadas de intrigas da CIA e da antiga União Soviética, tem o dom de nos fazer mergulhar em um mundo sombrio de conspirações e interesses escusos. E, diferente do que muitos gostam de rotular por aí, o filme está longe de ser “comunista”. A crítica aqui não é ideológica, mas sim geopolítica: e isso faz toda a diferença.

A trama começa com uma premissa que tem tudo para decolar: um dos chefes da CIA estaria por trás de um atentado terrorista brutal na Síria, incluindo a explosão de um hospital, um ataque suicida de homem-bomba e até mesmo a morte de soldados americanos.

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Operação Vingança
Crítica | "Operação Vingança" É Mais Do Mesmo 1

Nesse momento, parece que o filme vai seguir por um caminho ousado, levantando o véu sobre o envolvimento dos EUA em conflitos que, teoricamente, deveriam estar longe do seu radar. Uma narrativa que poderia tocar em feridas reais e explorar um lado “conspiracionista” (com aspas, para suavizar) do governo americano. Mas é aí que a coisa começa a desandar.

Como de costume, e aqui o clichê reina, os vilões são russos. Rami Malek vive Charles, um “decoder” da CIA que perde a esposa assassinada por esse grupo russo, contratado justamente pelo chefão da CIA para executar seus trabalhos sujos. Em vez de expor os crimes da agência ao mundo, o protagonista resolve usar isso como chantagem: ele quer matar os responsáveis pela morte da esposa, e exige a autorização e treinamento da própria CIA para fazer isso em troca de nunca “vazar as provas” do crime da CIA.

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A ideia de colocar Rami Malek (o eterno Elliot de Mr Robot) ao lado de Laurence Fishburne (o icônico Morpheus) parecia promissora, mas o resultado ficou no “mais ou menos”. A química entre os dois não é exatamente explosiva, e os personagens que poderiam ter camadas e complexos acabam sendo subutilizados. O filme, que começa com ritmo e tensão, vai se tornando raso e perde fôlego da metade pro final.

Operacao Vinganca 1
Crítica | "Operação Vingança" É Mais Do Mesmo 2

Falando em Malek, sua atuação aqui divide opiniões. De fato, ele está estranho, até “robótico” demais. Mas existe uma chance (pequena, porém possível) de que isso seja proposital, representando o trauma, frieza, ou até mesmo personalidade do personagem. Ainda assim, não é a performance mais memorável da carreira dele, longe disso.

Outro ponto que incomoda é o excesso de idealização tecnológica. Embora o personagem de Malek represente uma faceta mais “intelectual” da CIA, o filme exagera em gadgets e soluções digitais que beiram o impossível, o que quebra bastante a imersão, especialmente em um thriller que tenta se passar num mundo tão atual e “real”.

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A produção tem seus méritos técnicos. As cenas de ação são bem coreografadas, com stunts eficientes, mas o enredo previsível e a falta de aprofundamento dos personagens secundários impedem que o filme realmente brilhe. Com 2h03 de duração, ele promete tensão constante, mas entrega longos trechos de marasmo. E quando finalmente chega ao clímax, tudo acontece rápido demais, quase sem explicação, deixando um gosto de “era só isso?”

Assisti ao filme no IMAX, mas sinceramente? Não valeu o upgrade. Diferente de um filme como Oppenheimer, que realmente usa o IMAX como uma ferramenta narrativa e sensorial, Operação Vingança não entrega nada que justifique o ingresso mais caro. Funciona perfeitamente numa sala comum ou até melhor, no streaming.

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Crítica | "Operação Vingança" É Mais Do Mesmo 3

Por fim, mesmo como filme de ação, ele deixa a desejar. Sendo fã de filmes de ação, especialmente aqueles estrelados pelo Liam Neeson, que muitas vezes embarca em histórias ruins e mirabolantes, mas que sempre consegue prender a atenção com carisma e intensidade. Para mim, um filme de ação precisa errar muito pra ser considerado “ruim”, e Operação Vingança tropeça bastante. Não por falta de potencial, mas por decisões de roteiro e ritmo que fazem tudo parecer mais raso do que deveria.

Apesar dos pesares, talvez ainda agrade quem tem saudade da espionagem old-school, com agentes solitários, conspirações e reviravoltas. O filme pode não ser memorável nem inovador, mas entrega uma dose moderada de ação e intriga. Vale o ticket, só não o do IMAX.

Operação Vingança estreia hoje nos cinemas.

Operação Vingança (2025)
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Nota 6
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Apaixonada _(e formada)_ por cinema, especialmente pelo gênero de terror. Assisto filmes, edito vídeos e crio estratégias criativas. Dissecar cada detalhe e compartilhar minha visão de forma autêntica e envolvente é minha paixão. ps: ninguém é obrigado a concordar comigo, só não me irrite.