Rainha Charlotte: uma história Bridgerton é a nova minissérie da Netflix, um spin off da Shonda Rhimes que chega para reacender a adaptação literária Bridgerton, um romance de época baseado nos livros de Julia Quinn, sendo um dos grandes sucessos do gênero de romance e que apresenta a vida fictícia de uma família britânica na Inglaterra dos anos 1800, a série tem oito livros, cada um protagonizado por um dos irmãos, e um conto sobre Violet, a matriarca.
A minissérie Rainha Charlotte mostra a união dos protagonistas como forma de estreitar os laços entre a província alemã e a família real britânica, se desenvolvendo em um romance fictício, mas com alguns fatos reais. Charlotte interpretada pela atriz India Amarteifio (participou de grandes musicais como “O Rei Leão” e “Matilda”) conta a trajetória da rainha inglesa Charlotte de Mecklenburg–Strelitz junto com o Rei George III interpretado por Corey Mylchreest (participou de espetáculos como “Macbeth” e “Hamlet”), além do casal principal, que governou o país no século 18, estão presentes monarcas e demais nobres como Adolfo Frederico IV, princesa Augusta de Saxe-Gota-Altemburgo, George IV, dentre outros.

É impossível não se deslumbrar com a construção do romance entre os protagonistas, India e Corey que conseguiram criar uma química que se espera de casais jovens, ingênuos, cheios de conflitos internos e adoravelmente rebeldes, o que traz mais humanidade para a Rainha que nas séries dos Bridgerton tem uma postura considerada fria e distante.
Um dos pontos interessantes da trama são as linhas temporais com idas e vindas entre passado e presente, destacando no passado as mudanças na sociedade britânica com o impacto de uma mulher negra se tornando a rainha e as consequências que resultaram no mundo herdado pelos personagens de Bridgerton no presente.
Neste ponto da história Shonda consegue enfatizar, sem perder o romance, as dores e divisões existente entre o povo negro e branco. Neste percurso vemos também a trajetória da jovem Lady Danbury, interpretada pela atriz Aserma Thomas, que dá voz às angústias do povo negro, mostrando seu valor, expondo e se impondo perante a dura realidade de ser uma mulher e negra na sociedade inglesa da época, o que nos faz compreender melhor sua posição atual quando mais velha e sua amizade com a Rainha.

Na história também é possível compreender melhor a criação de submissão não só da rainha, como das mulheres da época, cuja função primordial feminina era a reprodução ou ser usada para acordos comerciais/políticos e o desenvolvimento de algumas mulheres que tentam conquistar seus espaços de forma sutil e precisa de acordo com suas liberdades limitadas.
Outro ponto de importante destaque na série são as formas de tratamento das doenças mentais, uma questão que acende um bom debate. Na época, acreditava-se que a perturbação mental ainda era uma escolha, por isso os funcionários usavam restrições físicas, camisas de força e até mesmo ameaças para tentar “curar” os indivíduos.
Atualmente os avanços da tecnologia e medicina, conseguiram revolucionar os tratamentos, sendo um fator determinante na diminuição de manicômios no mundo. Na série é possível ver as situações cruéis que o personagem de Corey foi submetido para ser “curado” de suas questões mentais.
A minissérie é certeira em mostrar o relacionamento homoafetivo que acontece entre os criados e braços direito da realeza Brimsley (Sam Clemmett) e Reynolds (Freddie Dennis) na juventude.
O romance entre os criados não é enfadonho, enfatizando características de paixão, segredo e solidão, o que marca o roteiro da trama e envolve o espectador tanto quanto o romance dos protagonistas, além disso é inegável a importância de ressaltar essas cenas que lembram as recentes conquistas de direitos de casais homoafetivos, embora ainda haja um longo percurso a completar.
O acerto nos figurinos de Rainha Charlotte conseguiu fazer jus à veracidade histórica da época retratada e levar o espectador a localização geográfica. Os trajes são cuidadosamente elaborados, luxuosos e marcam as diferenças culturais e mudanças, sendo peça inspiradas na Era Georgiana — período em que se passa a história —, mas com um toque moderno.

A importância do figurino é retratada durante o desenvolvimento do enredo, veja algumas curiosidades: o figurino de viagem que Charlotte usa no primeiro episódio da série apresentava quarenta safiras genuínas que foram costuradas à mão no corpete; O joalheiro Stephen Rogers também fez uma réplica dos famosos braceletes de diamante que pertenceram à Maria Antonieta, e é possível vê-los no pulso de Charlotte no segundo episódio, já o figurino da Rainha-viúva Augusta é o mais historicamente correto de todo o elenco e foi elaborado dessa forma para refletir toda a tradição que a personagem representa.
O enredo também de Rainha Charlotte apresenta a modernidade através de grandes sucessos da música pop como “Halo” – Beyoncé, “I Will Always Love You” – Whitney Houston, “If I Ain’t Got You” – Alicia Keys etc.
A série consegue apresentar grande peso emocional entre amizades, conflitos emocionais e políticos, romances proibidos e o fim trágico dos protagonistas, o que rendeu o topo do ranking das séries mais assistidas em língua inglesa na Netflix. A nova aposta da produtora Shonda Rhimes Rainha Charlotte, estreou no dia 04 de maio e conseguiu acender as expectativas para a 3a temporada da série “Bridgertons” que tinha sido perdida na 2 temporada morna.
Por fim, após a repercussão de Rainha Charlotte teve-se a busca para descobrir se existiam fatos reais dessa história e, para todos que gostam de uma boa curiosidade, digo que sim! Existem algumas curiosidades e fatos reais sobre ela e separamos alguns para vocês:
- Existem registros históricos de que a Rainha Charlotte foi a primeira monarca da Inglaterra com ascendência africana e os quadros que a representam sofreram um “embranquecimento”.
- O casal teve, sim, 15 filhos! Mas somente 13 atingiram a idade adulta.
- Assim como na série, o que tirou a sanidade de George III não foi esclarecido completamente existindo várias teorias, dentre elas está a possibilidade de que fosse uma doença hereditária chamada porfiria, transtorno bipolar etc.
- Essa é para os românticos, os relatos da época dizem que era perceptível que Rei e Rainha tinham profundo afeto um pelo outro, sendo que o rei era completamente dedicado à esposa e filhos.