Hoje (28/06) comemoras-se o Dia Internacional do Orgulho LGBT, data simbólica que nos lembra da luta da população Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual e Transgênero por direitos igualitários. O Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo, onde ironicamente encontra-se uma concentração enorme do mesmo. País esse, onde a cada uma hora um homossexual sofre algum tipo de violência. Nos últimos 4 anos o número de denúncias aumentou 460%, segundo dados obtidos pelo Disque 100, da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República.
Esta data tem como objetivo empoderar uma parte da população que sofreu e sofre até hoje por um preconceito histórico e infundado, e que serve para dar REPRESENTATIVIDADE, uma palavra simples, porém de grande importância.
Palavra essa, que vem sendo cada vez mais difundida nos quadrinhos, mesmo ainda que não o suficiente.
Um dos maiores exemplos de representação de minorias são os X-Men, dentro deste nicho específico temos vários casos conhecidos e outros, não sobre representatividade LGBTT, mas não só apenas os X-Men abordam esses temas. Então meus amigos, cola aí embaixo e veja alguns ótimos exemplos de representação LGBTT nos quadrinhos:
Mística e Sina: Mística sempre foi abertamente bissexual, muito disso em conta da sua mutação de mudar de forma. Já Sina era uma personagem feminina forte e proeminente, uma grande vilã dos X-Men cujo poder era clarividência. As duas tiveram uma forte relação e quando Sina morreu pela primeira vez, Mística ficou profundamente abalada.
Daken: Filho do Wolverine, além do fator de cura e garras, ele possui o poder de manipular feromônios. Usando esse poder para seduzir homens e mulheres. Daken se encaixa perfeitamente nos estereótipos de cafajeste que não vale nada, traço herdado de seu pai.
Estrela polar: Membro da tropa alfa, sendo o primeiro gay assumido da Marvel, protagonizou um importante marco nos quadrinhos, quando em 2009 se casou com Kyle Jinadu. Acontecimento amplamente noticiado na mídia não especializada. Sendo o primeiro casamento gay interracial dos quadrinhos.
Colossos do universo ultimate: Não confunda o universo ultimate com o universo convencional (616), no qual ele manteve um relacionamento extenso com a Lince negra.
Na adolescência, Piotr “Peter” Rasputin foi pego na cama com outro rapaz pelo seu pai. Com vergonha e medo da reação dele, Peter fugiu de casa, se aliando com a máfia vermelha.
Anos mais tarde ele entra para os X-Men, onde iniciou um relacionamento com o, já citado, Estrela Polar. Por ter se assumido gay, Kurt wagner (Noturno) parou te conversar com ele, chegando a dizer que ele iria para o inferno por ter assumido sua sexualidade, já que o noturno é um personagem extremamente religioso.
Sidequick do personagem Questão: A Ex-policial Renee Montoya substituiu o questão original quando ele desenvolveu câncer. Por se assumir gay, ela sofreu preconceito de seus colegas do departamento de policia e familiares. Que, com o tempo, aceitaram sua orientação sexual.
Batwoman: Batwoman é a primeira bissexual da bat-família. Kathy surgiu junto com a Batgirl como uma resposta para os rumores sobre a sexualidade do Batman. Anos mais tarde, ela foi introduzida no universo DC como uma ex combatente do exército que havia perdido a irmã e a mãe para sequestradores, ela utilizou suas habilidades para enfrentar o crime.
Alan Scott: Primeiro lanterna verde, antes mesmo do Hall Jordan. Surgiu na era de ouro, como um dos fundadores da Sociedade da justiça. Em 2012, quando houve a reformulação do universo DC, conhecido como novos 52 ele apareceu mais novo e gay. Sua orientação sexual gerou muita polêmica na mídia. Sendo noticiado até por veículos não especializados em quadrinhos.
Apolo e meia noite: Saindo do eixo Marvel- DC por hora. Temos dois personagens criados para representarem a dupla Batman e Superman, Apolo e Meia Noite são um casal famoso criado por Warren ellis no Stormwatch. Eles tiveram uma relação que durou anos, chegando a adotar uma criança.
Quando o universo Wildstorm foi integrado a DC na reformulação dos novos 52. Os roteiristas mostraram o Apollo como alguém preocupado com o que a sociedade pensaria dele por ser gay, e o Meia Noite como pouco se importando com o que as pessoas vão dizer e pensar.
Após vermos alguns dos grandes exemplos de representatividade nos quadrinhos, vamos mostrar relatos de algumas pessoas que convivem com o preconceito diariamente e o que elas pensam sobre personagens assim nos quadrinhos:
Edie Salles, 25 anos: “ Acredito que seja importante toda e qualquer tipo de representatividade de minorias nas mídias. Nos dias atuais, a homofobia permanece a violentar e a matar dezenas, centenas e milhares de pessoas. A partir do momento em que o diferente é visto como normal – principalmente em veículos como TV, cinema e quadrinhos – estaremos ajudando e combatendo este crime, desde a sua origem. Se as crianças, desde pequenas, tiverem contato com quadrinhos onde mostram personagens homossexuais, verão com naturalidade essa diferença.”
Augusto Ribeiro, 24 anos: Assim como no passado, a luta LGBT tem atualmente grande relevância, e poder ver essa representatividade inclusive em HQs é um reflexo de que estamos fazendo algo certo, afinal, apesar de que o público alvo sejam jovens adultos, muitas crianças têm acesso a essa mídia (eu mesmo comecei a ler Homem Aranha aos 8 anos de idade). Preconceito, discriminação e racismo, são apenas alguns exemplos de maus criados pelo meio em que estamos inseridos, por isso importância das HQs debaterem à respeito, garantindo que assim (mesmo que aos poucos) cada vez mais esses “maus” sejam desconstruídos.
Alexandre Radun, 23 anos: “Os quadrinhos sempre abordaram vários valores da comunidade, porém, acho incrível como personagens LGBTT são muito pouco representados. Personagens famosos temos apenas o Estrela Polar (que foi o primeiro personagem assumidamente gay da Marvel e casou em uma publicação) e a Mística que é bissexual. Sempre teve a comparação entre os “X-men” com a comunidade LGBTT, por quererem ser aceitos e ter os mesmo direitos que os seres humanos “normais”. Para mim até que as editoras não tem muito culpa nisso, mas sim todo o público delas. Da até para comparar o público com o mesmo público fanático por futebol. Lembro a repercussão que deu quando foi anunciado que o Hércules iria beijar Wolverine e como o público sempre reagiu ofensivamente. Resumindo: As editoras até tentam, mas infelizmente o público “geek” é igual ou mais homofóbico que os torcedores de times.”
Olivia Castello, 27 anos: “Bem…eu sou bissexual, então posso dizer que a bissexualidade não é muito representada nas artes, pois ainda existe essas crenças ilógicas que bissexualidade não existe, é só uma fase etc. Mas com relação a personagens gays e lésbicas tenho visto um crescimento pequeno, embora de grande relevância. Porém ainda se utiliza muito da figura gay (homem) para representar todo o meio LGBT, o que é bem ruim… Vemos isso em vários filmes, curtas, literatura com mais personagens gays representando a homoafetividade quando nós sabemos que existem outras dentro da sigla, mas, estamos caminhando, ainda que em passos lentos, com personagens LGBT na sétima arte, acredito que essa representação ficará cada vez mais forte pela necessidade social que o tema se dispõe. A primeira personagem que tive contato e amei é uma quase não muito citada: a Paulie, interpretada pela atriz Piper Perabo no.filme Lost and Delirious, onde aborda a relação entre duas meninas num internato.”
Consideramos justa toda forma de amor. – Lulu Santos
Revisado por: Bruna Vieira.