Foi lançado na quinta passada (7) o anime Komi-san wa, Comyushou desu., o mesmo que apareceu no post sobre Comédias e Slice of Life da temporada de Outubro. Depois de assistir o primeiro voltei com minhas primeiras impressões sobre a série.
Baseado no mangá de Tomohito Oda, o anime está sob a direção de Kazuki Kawagoe (Beyblade Burst Chouzetsu), roteiro de Deko Akao (3D Kanojo: Real Girl) e o estúdio responsável pela adaptação é o OLM (Odd Taxi; Pokémon).
A história gira em torno de dois colegiais, Hitohito Tadano e Shouko Komi que estudam no primeiro ano da escola preparatória Itan Private High School. Hitohito tenta puxar conversa com Shouko mas a menina o ignora e sai correndo, o clima fica ainda estranho quando eles descobrem que estão na mesma sala e sentam do lado um do outro.
A staff consegue criar um clima de desconforto e estranhamento sempre que Shouko tenta falar algo. A música de fundo e os sons ambientes param, a atenção de todos, incluindo a nossa se foca na menina, à espera de que algo épico aconteça ou que ela solte um discurso que irá acabar com todas as guerras do mundo, mas a tensão dá lugar à comédia depois de alguns segundos, com a personagem continuando muda como se ela sentisse que é superior aos outros colegas e muito boa para fazer parte de tudo aquilo, e o ápice da piada chega, com todos ovacionando a menina por esse comportamento.
O design de personagens contribui muito para criar a atmosfera de comédia e tornar Shouko uma personagem diferente de todos da escola, como se ela fosse realmente um ser superior e não humano. Muitos animes apelam para cores de cabelo fora do comum e roupas espalhafatosas para destacar o personagem principal, mas em Komi-san a estratégia é diferente, enquanto todos são desenhados com feições redondas e fofas, a menina possuí detalhes mais realistas em sua estética, os olhos bem definidos e expressivos, o rosto mais angulado e os movimentos delicados e graciosos. A diferença é tão grande que às vezes parece que ela foi desenhada por outro estúdio.

As únicas partes em que Shouko possui os mesmos traços que os outros personagens é quando ela tenta conversar com alguém, quando o lado mais humano e as falhas da menina são mostrados, ela se torna um ser humano comum e o design mostra isso transformando-a em uma versão menor e mais fofa de olhos grandes, como se falar com outras pessoas fosse muito doloroso e ela estivesse prestes a chorar.
A direção do anime é um show à parte, o timing cômico e as mudanças repentinas no design e na trilha sonora deixam o episódio mais leve o que melhora o ritmo da história, fazendo com que os vinte quatro minutos do anime pareçam se passar em cinco.
Outro recurso muito bem utilizado é a narração. O anime carrega dois tipos de narração: Hitohito descrevendo seus pensamentos e sentimentos para o público, e um narrador desconhecido que aparece ocasionalmente para fazer uma piadinha com a cara do personagem, chamando ele de um “grande covarde” por exemplo. Fazer esses dois modelos de narração coexistirem de uma maneira tão harmoniosa é outro ponto positivo, tanto da direção quanto do roteiro.
No fim da aula, Hitohito descobre que Shouko não é a insensível e fria que todos pensam que ela é. Com sua “habilidade de ler a situação”, ele percebe que Shouko é muito tímida e tem medo de falar com outras pessoas, e a partir daí começa a amizade dos dois, em a missão de conseguir outros 99 amigos para Shouko.

O anime e seus personagens são muito cativantes. No final do primeiro episódio quando Shouko e Hitohito conseguem finalmente um jeito de conversar, escrevendo na lousa da sala de aula, o público já simpatizou com ambos os personagens e comprou a história.
A abertura (que estava no final) foi fantástica. A música “Cinderella” da banda Cider Girl, sintetiza o que a história do anime vai desenvolver, algumas cenas de Shouko pela escola com uma música que começa triste e melancólica, mas se torna animada conforme a menina consegue fazer mais amigos.
O encerramento não teve animação, mas a música “Sympathy” da banda Kitri é muito boa, com um piano forte que combinaria com a atmosfera do anime, mas segundo a ficha técnica a banda troca de música a partir do segundo episódio e continua a temporada com uma música chamada “Hikari Inochi”.
Fica aqui uma menção honrosa para o ninja da Vila da Folha que é um dos estudantes que senta atrás de Tadano e possui uma mira digna de um shinobi de Konoha, dattebayo!
O anime pode ser visto pelos fãs brasileiros na Netflix, que irá lança-lo mundialmente no dia 21 de Outubro. Oito idiomas estão confirmados para a dublagem da animação, mas não sabemos se português é um deles. Assista o trailer oficial a seguir: