O mais recente quadrinho de Jeff Lemire no Brasil chega através da editora Intrínseca. Essa história bizarra e recheada de dramas familiares traz uma proposta clichê, mas que se desenvolve de maneira muito autêntica.
Em Family Tree, o autor começa com um grande spoiler que revela a problemática que está por vir, que é o fim do mundo. Ao mencionar esse transtorno, espera-se que o leitor pense em alternativas para tal momento, como meteoros, zombies, fúria da natureza ou qualquer outro exemplo já citados em filmes, séries e livros. Nesse caso, algo fora do comum acontece, deixando uma grande interrogação no ar a primeira vista.
Loretta é o tipo de personagem feminina forte. Mãe de dois adolescentes e abandonada pelo marido, que precisa trabalhar em uma mercearia para que tenham comida em casa. Cansada, aparenta despreocupação, mas ao longo da jornada, vemos uma mulher que faz o impossível por seus filhos.
Meg, filha mais nova de Loretta, desenvolve uma ferida que, do dia para a noite evolui e se transforma em uma casca de madeira. Em pouco tempo, essa madeira vai se estendendo e galhos começam a aparecer em seu corpo. É a partir desse acontecimento que a história se desenrola e começam a surgir mais personagens que dão peso à narrativa. Uma espécie de seita aparece com o intuito de expurgar pessoas que estão passando por esse problema que, até então, não é revelado o motivo. Alguns segredos não são divulgados durante esse primeiro volume, deixando a curiosidade gritar pela próxima edição.
Apesar de parecer uma história de gênero nonsense, as respostas vão aparecendo conforme o passar das páginas e, o que não é entendido por aqui, é relembrado nos volumes da sequência. Toda essa montagem faz parte do estilo de escrita de Lemire, ele cobre suas obras de mistério e vai destacando as respostas em seguida. Assim como essa característica, a personalidade das obras de Jeff aparece nos dramas familiares, que tornam esse universo mais real e criam empatia com seus leitores.
Não é segredo para ninguém o sucesso das HQs de Jeff Lemire, sendo um dos principais quadrinistas do atual cenário. Dentre alguns trabalhos publicados no Brasil, estão Black Hammer, Royal City, Descender e Nada a Perder. Reconhecido tanto em seus trabalhos autorais, quanto na DC e na Marvel, Jeff já foi premiado com Eisner de Melhor Série Estreante, Prêmio Donald Brittain para Melhor Documentário Social ou Político, Gran Guinigi e Juno Award.
Junto desse grande autor, estão Phil Hester, também premiado pelo Prêmio GLAAD Media em Melhor revista de quadrinhos; Eric Gapstur, que também trabalha para a editora DC Comics e Ryan Cody . Esse time originou uma obra impactante, com ilustrações bem saturadas e cheias de body horror.
Aos fãs do autor, um grande presente que a editora Intrínseca trouxe para o nosso país. Para quem não conhece e gostaria, uma ótima forma de ter o primeiro acesso ao seu universo.