“Desapegar: remover da sua vida tudo que torne o seu coração mais pesado. Loucos são os que mantêm relacionamentos ruins por medo da solidão. Qual é o problema de ficar sozinha? Que me desculpe o criador da frase “você deve encontrar a metade da sua laranja”. Calma lá, amigo. Eu nem gosto de laranja. O amor vem pros distraídos.”
É assim que começa a sinopse de Não se apega não. Isabela criou a personagem Isabela (juro que não pesquei se é só egocentrismo ou se é autobiográfico, but ok) que vai guiar o leitor ao longo de seu caminho pelo desapego. Ok, até aí, normal, romance juvenil, personagem feminina, nada diferente. Só que temos um porém, Isabela joga a história de sua personagem que acabou de sair de um relacionamento conturbado e mistura isso com um monte de frases clichês de auto-ajuda. Não sei dizer se é por que não me enquadro no publico alvo do livro ou se é por ele ser ruim mesmo, mas foi bastante tedioso ler as coisas que Isabela Freitas vai colando no papel. (Por que ficou parecendo isso: que ela foi nesses sites de frases de amor próprio, copiou um monte de frases aleatórias e foi colando ao longo do livro.)
As personagens não possuem carisma, a própria Isabela se contradiz totalmente ao longo do livro, em um momento ela fala sobre como seria errado se o ex ficasse com alguém em uma balada, que o termino é recente e blábláblá, e dai, adivinha o que ela faz? Sim, ela pega alguém em uma festinha! OI? A mocinha também faz mil colocações sobre a vida, sobre o amor e sobre amizades, mas sempre que tem a chance de seguir os próprios conselhos ela viaja na maionese e segue outro caminho. Sim, eu sei que a vida está cheia de pessoas assim, mas em um livro que tem como foco a auto-ajuda isso é bastante cômico.
Eu me perdi tentando entender o que as garotas na faixa de 15 a 18 anos encontraram de tão espetacular nesse livro para motivar esse grande BUM que ele vem causando no mercado. Confesso que em varios momentos pensei “Será que eu era assim com 15 anos? Por favor, não, por favor!”. Isabela me irritou imensamente, pois me fez pensar que todas as meninas nessa faixa de idade pensam como ela. Ela é muito egocêntrica, o mundo parece sempre girar a volta do seu umbigo e ela nem parece se importar com isso, todos seus ex-amigos, ex-namorados, não prestam, todos foram ingratos e ela sempre foi a pessoa legal e nunca esteve errada. A personagem tem 21 anos e se comporta como se tivesse 15. Ela também prega valores que descontroi ao longo da narrativa, em um momento fala sobre o quanto é livre para fazer o que quiser, que a vida foi feita para ser vivida, aproveitada, e logo em seguida não prende a língua para dizer que alguma outra menina é vagabunda, ou vaca, ou promiscua apenas por fazer aquilo que ela havia dito um pouquinho antes.
Lendo algumas entrevistas da Isabela, vi que ela fala sobre como sua personagem é diferente dela, que de alguma maneira é ideal, quem ela gostaria de ser, mais madura. E nesse momento, confesso, fiquei com medo dela (da verdadeira Isabela), por que se sua personagem é isso que ela descreve, quem é essa menina na fila do pão? Tá, eu sei que estou sendo muito critica, e que talvez esteja até cruzando a linha de critica construtiva e alcançando a linha de ser malvada, mas não consigo mesmo entender o que levou esse livro a se encontrar entre um dos mais “tops” do momento! E não paramos por aí, a moça já se prepara para escrever a continuação, sim, vai ter continuação. Eu não pretendo ler, já confesso, estou até fugindo do blog da moça, garrei antipatia.
Fiquei até mesmo magoada com a editora. obviamente ela publica aquilo que mais rende, e uma blogueira que já possui um grande publico, é certeza em vendas. Existem tantos autores e autoras nacionais que poderiam representar muito melhor esse papel que a Isabela está tomando para si. Precisamos de guias para nossas meninas, guias que não sejam preconceituosas, que não preguem aquele padrão impossível de beleza, guias que as façam pensar. Precisamos de menos Isabelas.