A mais nova HQ de Fabien Toulmé, Suzette ou o Grande Amor, lançada aqui no Brasil pela editora NEMO, vem recheada de lições e personagens cativantes, que te prenderão do começo ao fim.
Assim como em Não era você que eu esperava e Duas Vidas, essa história também traz muito aprendizado e momentos de emoção. As características são recorrentes nos quadrinhos do francês, que quebra tabus e apresenta aos seus leitores temas cotidianos, nem sempre felizes, mas com muita leveza.
Suzette é uma senhora de 80 anos que acabou de ficar viúva. Noémi, sua neta, acaba de passar por uma grande mudança na sua vida, indo morar pela primeira vez como um casal.
Apesar da boa distância entre a idade de uma e outra, elas são como melhores amigas, dividindo segredos e um bom café. Em uma dessas trocas, a jovem descobre que sua avó não foi tão feliz quanto ela pensava. A visão de casamento perfeito desmorona quando Suzette fala sobre as traições de seu ex-marido, e como ela nunca havia de fato se apaixonado por ele dentro dos 60 anos de casados.
É durante essa mesma conversa que entra Francesco, um homem que sua avó conheceu em uma viagem a trabalho, antes mesmo de se casar com o falecido avô. Suzette o descreve como seu primeiro amor, apesar de só terem dançado em um encontro e depois nunca mais se verem.
Noémi tem a brilhante ideia de procurar por Francesco e, quem sabe, encontrar o verdadeiro amor da vida de sua avó. Ambas partem para a Italia e, durante a viagem, diálogos incríveis vão surgindo, descobertas sendo feitas e uma relação muito bonita entre as duas vão preenchendo as páginas.
A arte é mesma usada nas outras obras do autor, bem simples e brincando com uma paleta de cores resumida, mas muito bem aplicada. A sensação de verão transborda e as paisagens são lindas. Muito além da parte gráfica, a história também passa a felicidade dos momentos em que as personagens estão dialogando. O conflito de gerações existe, mas aqui não é motivo para brigas, e sim aprendizagem.
Um quadrinho que deixa uma pitada de saudade, as vezes nostalgia. O respeito e o carinho entre as personagens encanta, nos faz sentir mais leves. Àqueles que ainda não conhecem o trabalho de Toulmé, aqui vai uma boa indicação.