“Depois das crianças se divertirem, agora é a vez dos adultos.” Brincadeiras à parte, a Bethesda lança um dos títulos mais imersivos vindos diretamente das telonas para o PlayStation 5 como Indiana Jones e o Grande Círculo.
O jogo, anteriormente exclusivo para Xbox Series S|X e PC, agora chega ao console da Sony, permitindo que os jogadores vivenciem as aventuras de Henry Jones Junior — ou melhor, Indiana Jones, o lendário explorador que inspirou franquias como Tomb Raider e Uncharted. Agora, ele protagoniza uma série de games com um enredo cinematográfico marcante.
Um enredo sob nova perspectiva
Indiana Jones e o Grande Círculo cativa desde o primeiro momento, quando o jogador se vê entrando em uma caverna misteriosa. A perspectiva em primeira pessoa é um dos maiores acertos do jogo, transmitindo a real sensação de estar na pele de um caçador de tesouros. A MachineGames entrega momentos que vão desde explorar uma tumba sob o Vaticano disfarçado de padre, explorar as pirâmides do Egito e percorrer as florestas exuberantes do Sudeste Asiático.

Confesso que desde criança, sempre sonhei em ser uma aventureira — algo que só os filmes de Indiana Jones, dirigidos por Steven Spielberg e produzidos por George Lucas, conseguiam proporcionar. Agora, a Bethesda e a MachineGames nos presenteiam com uma narrativa digna de “sessão da tarde”, centrada na busca por um artefato roubado que leva a uma grande revelação. Porém, o foco principal está mesmo na experiência de ser o próprio Indiana, com direito a referências a clássicos como Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada, despertando uma deliciosa nostalgia.
Gameplay acessível e envolvente
Os cenários pelos quais o protagonista passa são ricos em histórias, diálogos, paisagens e desafios. A visão em primeira pessoa contribui para uma maior conexão com o protagonista e permite observar cada detalhe das fases. Os acessórios são essenciais para resolver puzzles, escapar de armadilhas e acessar locais inusitados.
O chicote é, sem dúvidas, o melhor amigo do jogador. Em vários momentos, admiramos a destreza do herói ao se balançar em locais de difícil acesso. Além dele, itens como o isqueiro e a câmera ampliam a jogabilidade, permitindo longas sessões de exploração e resolução de mistérios.

Os puzzles variam entre simples e mais complexos, mas nenhum deles chega a frustrar. A jogabilidade valoriza a liberdade criativa, permitindo ao jogador experimentar diferentes abordagens. Em alguns momentos, o jogo alterna para uma câmera em terceira pessoa, especialmente nas cutscenes, o que traz uma agradável variação visual. Apesar de a primeira pessoa ser o padrão, a acessibilidade oferece recursos como fixar a câmera, o que reduz a sensação de enjoo (cinetose) em determinadas fases.
Aventura autêntica e bem construída
Autenticidade é uma das grandes virtudes de Indiana Jones e o Grande Círculo. Os cenários são variados e extremamente detalhados — desde a cidade do Vaticano até o deserto egípcio e as florestas asiáticas, cada ambiente entrega uma atmosfera única e imersiva.

A atenção da Bethesda e da MachineGames aos detalhes é impressionante: o diário do Indiana é funcional, ajudando a resolver enigmas e anotar pistas importantes. Resolver puzzles pode exigir literalmente “por a mão na massa”, puxando ou girando objetos, como se você estivesse mesmo explorando ruínas antigas.
O uso do chicote é particularmente bem implementado. A liberdade de movimentação pode ser um pouco limitada em alguns trechos, mas a exploração em primeira pessoa compensa ao entregar momentos de adrenalina, como escapar de locais desmoronando.
O chicote vai estalar!
Usar o icônico chapéu e o chicote de Indy é uma experiência única. Os combates abusam do improviso — como nos filmes — e o jogador pode usar itens do cenário, desde frigideiras até armas deixadas por inimigos. Algumas fases têm mapas mais abertos, permitindo múltiplas abordagens para resolver os problemas da narrativa.
Você pode escolher entre ser furtivo ou partir para o combate direto, mas em algumas situações, a discrição é a melhor escolha. Há momentos em que o jogador precisa eliminar inimigos sorrateiramente e esconder seus corpos para não levantar suspeitas.

Caso o confronto seja inevitável, há várias formas de lidar com os inimigos — desarmando-os com o chicote, usando o ambiente a seu favor ou até mesmo enfrentando-os com os punhos. Porém, o jogo deixa claro que Indiana não é um lutador, e sim um explorador improvisador. Mesmo com livros espalhados pelo jogo que ensinam técnicas de luta, o combate corpo a corpo se mantém básico — o que também é fiel aos filmes. E vamos ser sinceros: bater em nazista nunca perde a graça.
Trilha sonora, visual e recursos do PS5: a cereja do bolo
A trilha sonora do lendário John Williams marca presença e traz aquele sentimento cinematográfico inconfundível. A dublagem em português brasileiro, com a voz de Marcelo Pissardini, é um ponto fortíssimo. Todo o jogo está localizado para o nosso idioma, inclusive os menus e legendas.
O design de som é de altíssimo nível — cada estalo do chicote é uma experiência por si só. O visual também foi bem trabalhado para o PS5, com gráficos polidos tanto nas cutscenes quanto na gameplay.

Entre os recursos do console, o DualSense brilha: os gatilhos adaptáveis e o feedback tátil tornam a experiência ainda mais real. O Touchpad muda de cor conforme o estado do personagem: amarelo em combate, vermelho com pouca saúde e verde ao usar um item de cura. Um toque visual que faz toda a diferença.
Além disso, o SSD garante carregamentos quase instantâneos e a performance chega aos 60fps. Com áudio 3D e vibração em HD, é como se o jogador estivesse mesmo dentro de um filme.
No fim das contas… Vale a pena?
Indiana Jones e o Grande Círculo consegue trazer uma experiência diferente, mas com as mesmas boas sensações que seus clássicos filmes passam ao público. A Bethesda e a MachineGames conseguiram apostar um pouco fora da caixa. Em quesito primeira pessoa, ainda assim, conseguiram entregar um jogo autêntico, que te prende por horas a fio e faz você se sentir o próprio Indy.
Ainda que com algumas ressalvas em alguns pontos, como o combate e algumas movimentações limitadas, o título consegue cumprir os requisitos necessários de um AAA. Assim, consegue divertir e entreter os jogadores em sua narrativa envolvente. Além de nos dar o prazer de bater em nazistas, algo que a MachineGames entrega bem desde Wolfenstein.
Se você gosta de boas histórias, puzzles intrigantes, cenários épicos e aquele gostinho de exploração clássica, então sim: vale muito a pena!