Hyper Scape, lançado no dia 11 desse mês para PC e consoles, é a aposta da Ubisoft para entrar no mundo dos battle royales. Competindo com jogos bem estabelecidos como PUBG, Apex Legends e Fortnite, o jogo precisaria trazer novidades em sua gameplay para poder capturar o público. Pois bem, trago aqui minhas impressões sobre o novato do gênero.
Começando pelo enredo, apesar de ser um jogo sem um “modo história” e o enredo serve apenas para justificar a ação, mas ele não deixa de ser interessante. Por volta de 2022, a humanidade começou a ter grandes avanços tecnológicos e diversas decisões ignorando questões ambientais começaram a colocar o planeta em crise.
Com anos de exploração desenfreada do planeta, chegamos ao ano de 2054, onde cerca de 10 bilhões de pessoas vivem em casas minúsculas na pobreza de megacidades. Então, uma empresa chamada Prisma desenvolve o Hyper Scape, uma realidade virtual e saída para todos. Dentro desse universo, existe uma competição chamada Crown Rush (basicamente, o jogo que jogamos), e vencer essa competição pode trazer glória e ascensão social para a pessoa. Com isso, algumas pessoas estão jogando para ganhar dinheiro, outras para fugir da realidade, e muitas outras para descobrir os segredos obscuros por trás do jogo, visto que jogadores começaram a desaparecer do mundo real.
Sim, apesar de servir apenas para justificar o que estamos jogando, o enredo de Hyper Scape é bem trabalhado. Percebe-se também que ele bebe bastante de outras fontes, como Jogador Nº1. Dentro do jogo podemos encontrar fragmentos de memória que desbloqueiam pequenas histórias que seriam memórias de outros jogadores que passaram por aquele local ou até mesmo dos criadores do Hyper Space. Esse é um detalhe pequeno, mas sempre é interessante quando você está andando pelo mapa e se depara com um fragmento flutuando.
Esse enredo também nos traz diversos personagens para escolhermos jogar, cada um com sua própria história e motivações que podem ser checados na seleção in-game. O que nos leva a nosso próximo ponto: Customização.
Praticamente tudo no jogo é customizável. Personagens, armas, pod, tudo tem skin. De complemento ainda existem emotes, emblemas (que funcionam como sprays) e diferentes telas de carregamento. Se por um lado essa alta gama de escolhas de personalização é ótima, por outro percebemos que os campeões estão no jogo unicamente para venderem skins. Diferente de Apex Legends, onde cada personagem tem suas habilidades e características únicas, em Hyper Space todos são exatamente iguais. Dessa forma, torna-se difícil de se criar “laço” com algum personagem, pois mesmo que suas histórias sejam interessantes, não há nenhum estímulo de jogabilidade que te faça querer experimentar um diferente do padrão que o jogo começa.
Os customizáveis podem ser adquiridos pela loja do jogo, onde alguns itens entram a venda de forma aleatória de tempos em tempos, e através dos passes de batalha da temporada. Como a maioria dos jogos, existem dois passes de batalha: Um gratuito, e um pago. No passe pago o jogador recebe uma recompensa para cada nível que ele passa, sendo o mais adequado para quem quer obter customizáveis o mais rápido possível. No gratuito, apenas alguns níveis oferecem prêmios… e aparentemente a Ubisoft não conhece o significado de gratuito, pois dentro desse passe, alguns itens são bloqueados e apenas podem ser resgatados por quem possui a assinatura do Prime Gaming, um serviço pago.
Trabalhada as questões mais simples, vamos para o ponto mais importante: Jogabilidade. Começando pelos equipamentos.
Um dos pontos positivos do jogo é a sua simplicidade. Enquanto em outros Battle Royales é comum a necessidade de se explorar, procurar upgrades para armas, itens de cura, gerenciar a quantidade de itens, etc, Hyper Scape simplesmente não tem inventário. Você tem dois espaços para armas e dois espaços para Hacks (já explico). E é isso. Você não precisa nem pensar sobre munição, pois ela é abundante no mapa e universal, com cada arma tendo seu limite próprio de quanto pode ser carregada. Você não precisa de itens de cura porque a sua vida se regenera sozinha com o tempo.
Em seu arsenal, o jogo conta com 11 armas de fogo e 1 arma branca básica.
A maneira correta de se recarregar uma arma
Entre essas armas estão 2 pistolas, 2 fuzis, 1 fuzil de precisão, 1 escopeta, 1 submetralhadora, 1 metralhadora e 3 armas pesadas. É um número bastante reduzido de armamentos mas que atende bem aos diferentes estilos de gameplay. Um lado negativo é que é perceptível que algumas armas são muito mais fortes/úteis do que outras.
Lembra quando comentei que não haviam upgrades para armas? então, um diferencial que está relacionado ao baixo número de armas presentes é que para melhorá-las você precisa encontrar novamente o modelo da arma que está carregando e fundir ambas. Isso faz com que alguns aspectos da arma recebam melhorias. Confira:
Além das armas, o que podemos encontrar no jogo são os Hacks, que cumprem o papel de serem habilidades especiais. O jogo possui 11 Hacks, e eles podem ser divididos em Ofensivos, Defensivos e mobilidade. Alguns realizam mais de uma função simultaneamente. Diferente das armas, todos os Hacks se mostram ser bastante poderosos e demonstram ter boas sinergias entre si.
Tendo conhecimento dos Hacks e Armas, é importante entender como o jogo funciona e em quais modos é possível competir.
Dentro de jogo temos alguns comandos comuns a FPS e Battle Royales, como andar, pular, se agachar, escorregar, andar silenciosamente, emitir pings para aliados, mirar e atirar. Ainda contamos com pulo duplo e podemos escalar plataformas as quais a “cabeça” de nosso personagem chega perto. Importante dizer que não há penalidade em dano para quedas altas.
Hyper Scape se diferencia de outros battle royales pela sua aposta em verticalidade. O mapa geral é notavelmente menor que a maioria dos jogos, porém é composto por um cenário urbano com diversos prédios de muitos andares e plataformas de saltos, fazendo com que constantemente a luta não ocorra no mesmo nível de altura.
Outra diferença do jogo é a forma com a qual o mapa diminui. Enquanto o comum é existir um círculo que vai diminuindo com o tempo, reduzindo a área de ação, aqui partes aleatória da cidade vão se desprendendo e colapsando, fazendo com que o mapa tome formas únicas a cada partida e obrigando os jogadores a tomarem rumos não seguros para se manter em jogo. O tempo em que o mapa diminui também é consideravelmente menor que a média. Dessa forma, o jogo se torna extremamente frenético, sendo muito difícil que algum jogador fique parado no mesmo local por muito tempo ou sem encontrar outros adversário.
Ao longo da partida vão ocorrendo eventos que modificam as condições do jogo, como gravidade diminuída, munição infinita, entre outros. O legal é que o jogo possui uma extensão junto da Twitch, e caso alguém esteja streamando com a extensão ativa, os telespectadores da stream podem votar nos eventos que vão ocorrer no jogo. Isso aumenta não apenas a imersão para o jogador, como também a imersão do telespectador.
Ao fim de uma partida, quando o mapa está extremamente pequeno e restam apenas alguns jogadores, fica disponível para ser capturada A Coroa. Um item que se segurado por um certo tempo por um jogador da a vitória para ele (ou para seu esquadrão), mesmo que ele não tenha eliminado ninguém na partida. Porém, segurá-la também revela sua posição para todos os outros competidores, praticamente colocando um alvo em suas costas.
Atualmente, o jogo conta com 3 modos de jogo: Solitário, Esquadrão e Guerra de Facções. Os dois primeiros funcionam da forma exposta acima, com a única diferença enter eles sendo que Esquadrão é uma equipe de 3 pessoas. Guerra das facções, por sua vez, divide os jogadores da partida em 4 times de até 24 jogadores, onde o objetivo é matar todos os outros jogadores das outras equipes. Nesse modo, o mapa sempre vai colapsar até restar apenas o local Red Tiger, onde a luta fica mais frenética do que nunca.
Outro ponto a ser destacado dos dois modos de jogo com equipe é que quando um parceiro seu morre, ele se torna um Eco, um fantasma que continua podendo correr pelo mapa e conseguir informações para seu time. Quando um adversário é abatido, ele deixa em seu lugar um “ponto de restauração”, onde os ecos de seus parceiros podem ser revividos e voltarem para o combate.
A jogabilidade de Hyper Scape é bastante fluída e o jogo no geral funciona bem. O único bug presenciado algumas vezes foi com som. Em algumas partidas em um determinado momento desapareciam alguns sons do jogo, como tiros, vozes, passos, e ficando apenas outros. Apesar de raro, quando ocorre esse bug interfere bastante na imersão, uma vez que deixar de ouvir um som pode fazer com que não se perceba um inimigo se aproximando.
Outro ponto que pode ser comentado é que as partidas podem começar com números bem inferiores a 100 jogadores, nesses casos, o mapa também já começa com algumas regiões colapsadas.
Enfim, Hyper Scape não é um jogo a prova de falhas, mas vale a pena ser conferido pelos fãs de Battle Royale, principalmente se tiver mais dois amigos para jogar junto em esquadrão.