O filme “UglyDolls”, dirigido pelo norte-americano Kelly Asbury, é baseado em uma linha de brinquedos que foi bastante popular no início dos anos 2000 e nos leva diretamente ao universo de Moxy, a protagonista da animação.
Dublada pela cantora Kelly Clarkson na versão original, Moxy é uma das moradoras da pequena cidade chamada UglyVille, local semelhante a uma favela para brinquedos com pequenas imperfeições que teriam sido jogados fora pela fábrica. Ou seja, UglyVille é basicamente um abrigo para os rejeitados, mas com um porém: eles não sabem disso, e sequer imaginam que aquele é o lugar em que passarão o resto de suas vidas. Tanto que o filme se inicia com um pequeno musical em que eles, e em especial a Moxy, refletem sobre a vida local e a expectativa em torno do “grande dia”, ou seja, o dia em que eles conhecerão o mundo real e poderão se tornar o brinquedo de uma criança.
Essa ânsia por finalmente encontrar o seu dono é o que leva Moxy e seus amigos a desvendarem o mundo além de UglyVille. Nessa jornada, o grupo acaba no Instituto Perfeição, uma espécie de academia de treinamento, liderada por Lou, em que os brinquedos precisam atingir um estado de perfeição, e só depois disso eles são levados para conhecer os seus donos. No entanto, para brinquedos “feios” – e com o vilão Lou fazendo de tudo para não deixar que os moradores de UglyVille passem no processo seletivo – isso se torna uma missão praticamente impossível.
Será que os UglyDolls vão conseguir atingir o objetivo de conhecer o mundo real? Será que passarão no teste? A “perfeição” realmente pode ser alcançada – e deve ser o fato mais importante nesse mundo de aparências? Ou será que existe muito mais por trás de um rostinho, e que deve ser igualmente apreciado?
Previsível desde o início e com uma mensagem igualmente óbvia, questiona-se a real necessidade de uma animação assim, uma vez que, na prática, “UglyDolls” não acrescenta muito no geral. Mesmo com a dublagem de artistas como Blake Shelton, Kelly Clarkson, Janelle Monaé, Nick Jonas e Pitbull, nem mesmo as canções são algo que conseguem o destaque esperado. No máximo umas três músicas, como “All Dolled Up”, dueto de Monaé com Clarkson, chega a comover o espectador e gruda na cabeça, mas no geral o repertório não é muito chamativo. Ainda mais se nos basearmos no cenário atual onde muitas animações têm roubado nossos corações com músicas como “Let It Go”, de Frozen.
Apesar de ser feito com a melhor das intenções, o roteiro não traz nada de novo e só ressalta diversas vezes questões como a auto-aceitação, persistência e a desconstrução do padrão perfeito – o que são assuntos pertinentes, mas a maneira como se constrói esses diálogos talvez não tenha sido a ideal por ser muito superficial.
Pode ser até que o longa atinja em algum nível relevante o público infantil, principal alvo da animação que precisa escutar a mensagem de que o importante é “ser você mesmo”. Na verdade, talvez seja até mesmo uma ótima distração para um filme de sessão da tarde, como passatempo. Mas, honestamente, não é um filme verdadeiramente inovador.