Os dias da semana em inglês refletem a grande influência que culturas antigas tiveram na formação dos Estados Unidos. Muitas pessoas que começaram a povoar aquela região, quando ela não era uma pátria ainda, levaram para lá as histórias de seus povos, de suas nações. E muitos elementos dessa cultura estão presentes até hoje. Uma prova disso é a palavra “Hell”, que corresponde ao “inferno” em português.
Hel pertence à mitologia nórdica, é uma das filhas de Loki, responsável por governar o lugar em que recebia todo os mortos negados em Valhalla (para onde as Valquírias levavam as pessoas que tinham uma morte gloriosa, geralmente em guerra). O próprio lugar recebeu o nome de sua governante, hell, inferno.
No caso da formação da semana, os sete dias foram dedicados aos festejos dos deuses mais importantes de seu panteão, dependendo da cultura. As duas grandes influências que formaram os dias da semana como os ingleses e os estadunidenses conhecem hoje (Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday, Friday e Saturday) foram a nórdica e a latina.
No livro Deuses Americanos, Neil Gaiman revela que quatro dos dias da semana em inglês derivam-se da mitologia nórdica. Mas os três restantes que não são abordados no romance possuem origem latina.
Antes do império romano aderir ao cristianismo, ele era politeísta. E seus deuses principais eram correspondentes aos deuses gregos, pois os romanos tinham a conduta de absorver as culturas dos povos que dominavam (uma das razões do cristianismo surgir em seu seio). Portanto, os sete dias da semana eram dedicados aos seus principais deuses. Em cada dia eles deviam prestar homenagens ao deus correspondente.
Essa conduta latina, no entanto, proveio dos povos indo-europeus dominados, muitos deles devotados a deuses que representavam aspectos puros da natureza, como o sol e a lua.
Sunday
Correspondente ao domingo em português, esse dia foi dedicado ao principal deus romano, o Sol (Sun em inglês). Portanto é uma forma inglesa de tratar o “Dies Solis”, Sun’s Day, dia do Sol, que virou Sunday. Após a conversão do império romano ao cristianismo, domingo passou a ser conhecido como “o dia do Senhor”.
Monday
Se domingo era o dia do Sol, naturalmente o segundo dia da semana (segunda-feira) era dedicado à deusa Lua (moon em inglês). O povo anglo-saxão cultuava a deusa Lua neste dia chamado “Monandaeg”, o que os ingleses traduziram como Moon’s Day, dia da Lua, transformando-se em Monday.
Tuesday
Terça-feira já vem de uma vertente cultural diferente. No inglês, os dias de terça a sexta-feira correspondem à mitologia nórdica. Este, no caso, é o dia de Tyr. Ele era o deus da guerra antes de Odin, embora representasse mais a justiça. Em homenagem a ele, os escandinavos colocaram terça-feira como “Tiwesdaeg”, que os ingleses adaptaram para Tiw’s Day e, pela contração, virou Tuesday.
Wednesday
Quarta-feira é o dia de Odin. O então deus da guerra e principal divindade do panteão nórdico é homenageado nesse dia. Na língua nativa, Odin era chamado Wodan. O dia de Wodan então era “Wõdnesdaeg”, que passou para Wodan’s Day, virando Wednesday. O personagem no livro faz um gracejo com este nome e se apresenta assim (Mr. Wednesday) para Shadow.
Thursday
Quinta-feira é o dia de Thor. O deus do trovão era cultuado neste dia. Thor’s Day então se transformou em Thursday.
Friday
Sexta-feira é o dia de Frigga, a deusa da fertilidade e esposa de Odin. Friday é simplesmente uma abreviação de Frigga Day.
Saturday
O último dia da semana, sábado, remota à origem latina. Este é o dia do deus Saturno, que corresponde ao titã grego Cronos (ele representava, em um sentindo bem abrangente, o tempo). Os planetas de nosso sistema solar também receberam nomes em homenagem aos deuses romanos. Saturno então era cultuado no último dia, o “Dies Saturni” ou Saturn’s Day em inglês, dia de Saturno, que virou Saturday.
Origem dos dias da semana em português
No caso da língua portuguesa (que possui matriz latina), os dias da semana foram denominados correspondente ao cotidiano na idade média. Quando o imperador Teodósio I adotou o cristianismo como religião oficial do império romano no século IV, o “Dies Solis” passou a ser “Dies Dominica”, ou seja, dia do Senhor. Dies Dominica sofreu várias contrações ao longo dos anos e se transformou em domingo.
Para o cristianismo, o dia do Senhor (domingo) é o último dia da semana, o sétimo, em que Deus descansou após completar a criação. Portanto era o dia em que os fiéis mais lotavam as igrejas. Os feirantes então aproveitavam a aglomeração para montar a maior das feiras de troca (no feudalismo, os servos formavam feiras para trocar os produtos excedentes).
Todavia, para os feirantes — e de acordo com o calendário romano original — este era o primeiro dia da semana, o primeiro dia de feira. Logo, o dia seguinte era o segundo dia, o que os servos denominaram como segunda-feira, e assim por diante (terça, quarta, quinta e sexta-feira) até chegar sábado.
Sábado, porém, não tem a ver com as feiras. Ele era considerado pelos judeus o último dia da semana, ou seja, o verdadeiro dia de descanso de Deus. Por isso o termo “shabbatt” que provém do hebraico e significa “descanso” ou “cessação”. Shabbatt foi traduzido na língua latina como “sabat” e, assim como aconteceu com Dies Dominica, o termo foi contraindo até virar sábado.