Os filmes de Roland Emmerich são bem característicos: há algum tipo de conflito desesperado e o planeta está quase sempre em perigo. O diretor, de certo modo, popularizou um gênero construído em torno de catástrofe que reflete o medo sobre a mudança climática. Apesar disso, Emmerich detesta seu apelido de “mestre do desastre”.
“Eu não gosto disso”, diz ele. “Mas você sabe como as pessoas gostam de colocar as pessoas em uma gaveta. Eles adoram rótulos.”
Em um de seus filmes de desastre, o “O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow)”, de 2003, centra-se em uma supertempestade que passa pelo mundo todo. Emmerich insiste que há um “pegada de advertência” no coração desses filmes e concorda que os criadores de conteúdos similares precisam intensificar suas ações para lidar com as ameaças representadas por um planeta em aquecimento.
“Quando eu fiz ‘O Dia Depois de Amanhã’, um ou dois dos estúdios que queriam o filme disseram: ‘Você não pode explodir uma bomba atômica ou quebrar uma barragem, [de modo que] tudo fica inundado, e tudo seja destruído?'” continua ele. “No momento em que saímos, eu disse ao meu produtor: ‘Sim, eles não. Eles não entendem o que estou fazendo aqui.'”
Twentieth Century Fox, que na época era dirigido por Tom Rothman e Jim Gianopulos, ganhou os direitos do filme. Emmerich diz que apesar de suas tentativas, o filme acabou sendo retratado como uma supertempestade.
“Quando finalmente viram o filme, tiveram um pequeno problema com ele”, lembra. “Eles disseram: ‘Oh, meu Deus, não há final feliz real.’ Estava lá nas páginas do roteiro, mas eles apenas perceberam quando viram o produto pronto. Eu disse: ‘Pessoal, eu não posso fazer disso um final feliz, porque se a humanidade continuar assim, não haverá final feliz.'”
O diretor quer fazer outro filme sobre condições meteorológicas extremas, mas seria um filme que retrataria um olhar brutalmente honesto sobre como a vida será se a erosão litoral, a migração em massa, a escassez de alimento e a manifestação da doenças continuarem sem que tomemos nenhuma medida contra.
“Estou lentamente começando a ver um possível filme que lida com isso”, diz Emmerich. “O quão diferente seria o mundo se 200 milhões, 300 milhões de pessoas se tornassem refugiados porque não podem mais viver de suas terras? O Brexit é o resultado disso. O nacionalismo é um resultado disso. Esta poderia ser a maior crise da história: não apenas diversas pessoas irão morrer; guerras serão criadas. A vida vai mudar.”