Orange sempre foi uma série que mexe com as emoções de quem assiste, seja pelas críticas sociais, pela importância da obra, pela quebra de paradigmas ou pela qualidade incontestável de roteiro e interpretações.
A última temporada chegou a Netflix com o propósito de por fim a uma saga emocionante e de concretizar e afirmar tudo o que já foi mostrado nas temporadas anteriores.
A sétima e última temporada começa exatamente de onde a sexta temporada acabou. Piper, agora livre, precisa reaprender a viver em sociedade após cumprir a sua pena, e essa saída reforça toda a desigualdade social que persiste em aparecer na nossa sociedade.
Privilégios
Alguns fãs assíduos da série comentaram que este é exatamente o ponto que mais incomoda. Piper e seus privilégios de gente branca e rica. Não me levem a mal, é claro que ela sofre e tem seus perrengues, e é exatamente essa diferença social que torna o fechamento desta história tão incrível, e tristemente realista.
As coisas acontecem de forma muito fácil para ela, sem contar que chega a ser difícil ver as atitudes burras, destrutivas e mimadas que o comportamento tóxico da personagem trazem para o desenvolvimento fluido da série.
Em vários momentos acompanhamos a protagonista procurando casa, emprego, convívio social, etc. Tudo isso é triste e desafiador para a loirinha traficante, mas quando a cena corta e volta para outra detenta que também está livre é que percebemos o peso da desigualdade.
Em nenhum momento o espectador sente que a protagonista pode voltar para o xilindró, diferente das negras, pobres e latinas. Elas não têm ninguém para lhes arrumar um emprego em que possam ter o mínimo de dignidade e fugir da tentação de voltar a vida do crime. E é exatamente este o ponto em que revolta quem está assistindo e pode até quebrar um pouco aquele sentimento de que tudo pode dar errado a qualquer momento.
Personagens Queridos
Os quatro primeiros episódios não são tão emocionantes quanto os primeiros episódios das temporadas anteriores. E é quando o foco muda da protagonista para as detentas ou as imigrantes ilegais que realmente começa a fazer sentindo essa última temporada.
Todos os núcleos são muito bem trabalhados e tem a sua devida atenção. Algumas personagens tem um desfecho triste ou injusto que são realmente revoltante, porém, não deixam de ser um retrato da realidade.
Outros personagens que até então não tinham tanto destaque, têm o seu momento de brilhar, e brilham mesmo! Quase todo mundo que já passou pela série aparece para se despedir ou tem uma menção em algum episódio, para quem é fã se torna um prato cheio de referências (Capitão América, corre aqui!).
É impossível não vibrar ou se emocionar com aquelas personagens que retornam depois de ficarem de fora da temporada 6.
Importância na Sociedade
Esta série é importante para as reflexões que todos deveríamos fazer sobre qual a função que os presídios deveriam ter pelo mundo e que sabemos que não funciona. Infelizmente muitos personagens queridos tem um final triste ou injusto mas isso não torna a obra medíocre ou chata, pelo contrário, nos convida a refletir sobre como funciona o serviço carcerário no nosso país e como reinserirmos na sociedade quem já cumpriu sua pena e está disposto a ser uma pessoa melhor.
Para se ter uma ideia da importância desta série, foi lançado uma campanha real de arrecadação de fundos e empréstimos para ex-detentas em homenagem a uma das personagens da série. A Poussey Washington Fund ajuda mulheres que saíram da cadeira a voltarem a viver suas vidas e terem a oportunidade de contribuir (dessa vez de forma legal) com a sociedade em que for viver.
Se você se diz fã de séries, Orange Is The New Black é indispensável para a sua lista, além de te ajudar a ser uma pessoa melhor e menos preconceituosa.
A série termina com 7 temporadas, todas disponíveis na NETFLIX.
MELHOR PERSONAGEM – TASHA JEFFERSON
PIOR PERSONAGEM – PIPER CHAPMAN