Sete anos após “Alien: Covenant”, em 2024 chega aos cinemas o novo título “Alien: Romulus”. A retomada da franquia do Xenomorfo, “Alien”, que já foi imaginada e reimaginada por grandes nomes do cinema, como Ridley Scott, James Cameron e David Fincher, agora vista pelas lentes de Fede Alvarez, já conhecido por “A Morte do Demônio” (2013) e “O Homem nas Trevas” (2016).
O diretor tenta conquistar um novo público mais jovem ao formular uma estratégia arriscada que apresenta algumas falhas em seu roteiro, mas consegue criar tensão em momentos visualmente impactantes neste novo longa.
Ao fugir de uma colônia espacial opressora em busca de liberdade, um grupo de jovens explora uma estação espacial aparentemente abandonada, e se deparam com uma forma de vida alienígena letal. Neste cenário futurista envelhecido, vislumbra-se a expansão do universo da franquia, o que permite a apresentação de novos personagens humanos e androides, e a possibilidade de criar novas dinâmicas, relações e conflitos.
Infelizmente, essa promessa de desenvolvimento se esvai em meio a personagens superficiais e clichês, cujas interações são marcadas por diálogos fracos e comportamentos imaturos. O resultado é uma distopia adolescente genérica, apesar de sua ambientação bem trabalhada pelo diretor, demonstrando respeito e consideração pela mitologia do rico universo de “Alien”.
Uma das tentativas de revitalização é a criação de uma “nova Ripley”, personagem emblemática interpretada originalmente por Sigourney Weaver. A nova protagonista, Rain (Cailee Spaeny), é construída com características e momentos que ecoam a heroína clássica. Além disso, o filme resgata a imagem de Ian Holm, que interpretou o androide do filme de 1979, “Alien, o Oitavo Passageiro”, para orientar e manipular o grupo em sua luta pela sobrevivência diante da ameaça que enfrentam.
Em uma dinâmica que desperta sentimentos ambíguos, se desenvolve relação de cuidado mútuo entre Rain e Andy (David Jonsson), que interpreta um androide sensível e frágil, mas que muda seu comportamento ao longo do filme.
Visualmente impressionante e com referências diretas do próprio universo, “Alien: Romulus” também carrega uma série de metáforas a órgãos genitais e práticas sexuais. Embora esses elementos possam parecer gratuitos à primeira vista, eles se justificam no contexto do discurso sobre reprodução e nascimento da espécie alienígena.
A referência direta a “Prometheus” (2012), e à lenda da origem da humanidade e a criação de seres perfeitos a partir de uma forma física divina, é uma tentativa de conectar narrativas, culminando em uma sequência final surpreendente e marcante.
Ao lidar habilmente com referências, homenagens e características da mitologia do universo da franquia, Fede Alvarez realiza um bom trabalho na direção de “Alien: Romulus”, criando cenas impactantes e visualmente potentes.
No entanto, a tentativa de conquistar um novo público, apostando em um roteiro fraco e personagens pouco desenvolvidos, acaba comprometendo o potencial e a qualidade do filme, que poderia ter se destacado de forma muito mais significativa na história de “Alien”.7