Desde o anúncio de um filme baseado em Minecraft, era evidente que o público-alvo seria o infantil e adolescente. E isso fica claro ao longo do filme, especialmente pela atuação exagerada do elenco, que muitas vezes beira o desconfortável.
Jack Black, em particular, parece ter sido direcionado a atuar de forma tão caricata que, em certos momentos, é difícil de assistir. Isso me fez refletir: será que ele sempre foi assim, ou eu só percebo agora porque cresci? Lembro de amá-lo em Escola do Rock e Nacho Libre mas, pensando bem, eu também era uma pré-adolescente naquela época…

Dito isso, o restante do elenco segue o mesmo tom de exagero, o que imagino que funcione bem para crianças. No entanto, um nome que surpreende positivamente é Jason Momoa. Embora eu não o considere um ator incrível no geral, ele se encaixa surpreendentemente bem no papel. Já Jennifer Coolidge, como sempre, entrega uma atuação única, e sua presença por si só já garante momentos cômicos memoráveis.
Vale destacar que o diretor do filme, Jared Hess, é o mesmo por trás de Napoleon Dynamite e Nacho Libre, o que já dá uma ideia do tipo de humor e identidade visual que ele traz para Minecraft. Seu estilo, que mistura o absurdo com um toque peculiar de comédia, está presente aqui também.

Para os fãs adultos do jogo, talvez haja um certo apelo nostálgico ou a curiosidade de ver elementos do universo de Minecraft traduzidos para o cinema. Como não sou profunda conhecedora do jogo, não posso afirmar o quão fiel ou satisfatório é nesse aspecto. Porém, uma coisa que merece reconhecimento é a qualidade dos efeitos visuais. Em um cenário onde até grandes estúdios como a Disney têm entregado CGI questionável, Minecraft surpreende com um visual bem-feito e coeso.
A comédia do filme é um ponto de discussão. Existem muitas tentativas de alívio cômico, e, ironicamente, alguns desses momentos podem funcionar melhor para os adultos do que para as crianças. Porém, nem todas as piadas acertam o timing, e algumas cenas parecem exageradas demais. Ainda assim, isso não torna o filme insuportável: apenas reforça que seu foco principal é entreter um público mais jovem.

O roteiro segue uma estrutura previsível, com a clássica jornada do herói contra o vilão e momentos “trágicos” que já se antecipam de longe. O destaque vai para a hilária interação da personagem de Jennifer Coolidge, a Vice-diretora, com um Aldeão que escapa do mundo de Minecraft para a Terra. Em um momento de humor absurdo, ele é atropelado por ela, que então o convida para um jantar como forma de compensação pelos seus danos.
Vemos pequenas interações entre os dois nesse jantar, com o Aldeão emitindo apenas seus sons característicos. No entanto, o filme me arrancou boas risadas em momentos inesperados, especialmente nas cenas pós-créditos. Atenção, as próximas linhas dessa crítica possuem spoilers fortes!

Na cena pós-créditos, o ex-marido da Vice Diretora invade sua casa e, ao ver o Aldeão, questiona algo como: “Esse é seu novo parceiro??”. E é nesse momento que o Aldeão inesperadamente ganha uma voz: e não qualquer voz, mas a de Matt Berry. Como grande fã da saudosa What We Do In The Shadows, esse detalhe foi a cereja do bolo para mim.
No fim das contas, Minecraft é um filme divertido dentro de sua proposta. Não é o melhor trabalho de Jared Hess, mas entrega uma experiência leve e bem-humorada para crianças e fãs do jogo. Para os adultos que não se encaixam nesses grupos, talvez seja melhor esperar pelo streaming. E, por favor, podemos dar uma folga para o Jack Black?