Depois de uma longa série de tentativas frustradas, a Disney finalmente acerta, e com o coração, no novo live-action de Lilo e Stitch. Sob direção sensível de Dean Fleischer Camp (Marcel the Shell with Shoes On), o estúdio entrega um filme que não apenas respeita o legado da animação original de 2002, como também emociona profundamente quem cresceu assistindo àquela pequena garota havaiana e seu “animalzinho” alienígena fora de controle.
Com pequenas alterações no roteiro e nos personagens, o live-action consegue, de forma rara, fazer mudanças com propósito. A nostalgia é palpável e ganha até os corações mais durões. O filme resgata a essência da história original: família, pertencimento e aceitação, o famoso ohana, permanecem como pilares emocionais da trama.

Ver a Lilo em carne e osso, interpretada pela jovem Maia Kealoha, é um espetáculo à parte. Carismática, talentosa e com uma entrega genuína, a atriz é, sem dúvida, uma das grandes promessas infantis da nova geração de Hollywood. Sua química com o Stitch digital é tão forte que, em muitos momentos, esquecemos que o personagem é feito em CGI. Aliás, o trabalho de efeitos visuais surpreende: com um orçamento de “apenas” 100 milhões de dólares (modesto para os padrões da Disney), o resultado técnico é impressionante.
Outro toque especial é o retorno de dubladores originais da animação de 2002: Tia Carrere (Nani), Chris Sanders (Stitch), Jason Scott Lee (David) e Amy Hill (Mrs. Hasagawa), agora em novos papéis. Esse detalhe sutil mostra o cuidado da produção com os fãs de longa data, e adiciona uma camada extra de carinho ao filme.

No entanto, nem tudo é perfeito. A ausência do icônico vilão Capitão Gantu foi sentida, e muito. A decisão de retirá-lo da trama, aparentemente por questões orçamentárias, é difícil de engolir, considerando sua importância no enredo original. A substituição do antagonismo pelo personagem Jumba funciona dentro da proposta infantil do filme, mas perde força narrativa para quem cresceu com a animação. Uma oportunidade desperdiçada, sem dúvida.
Dean Fleischer Camp prova mais uma vez ser um mestre em contar histórias delicadas, familiares e emocionalmente envolventes. Se você ainda não viu Marcel the Shell with Shoes On, essa é uma ótima recomendação para entender o tipo de emoção que ele consegue transmitir. A escolha do diretor se mostrou certeira para dar vida a Lilo e Stitch com autenticidade e humanidade.

Com coração, respeito e uma pitada de ousadia, Lilo e Stitch se consagra como um dos melhores live-actions já feitos pela Disney. O filme é uma homenagem viva aos anos 2000 e, ao mesmo tempo, uma porta de entrada mágica para novas gerações conhecerem essa história cativante.
É impossível não sair do cinema com o coração aquecido, seja pela memória afetiva ou pela nova roupagem cheia de encanto. Que esse seja apenas o primeiro de muitos projetos dessa franquia no cinema live-action, porque conteúdo é o que não falta. Com isso, afirmo que com certeza Lilo e Stitch vale o ticket.